Restauração em igreja frequentada por Paul Revere revelou antigas pinturas de anjos escondidas por mais de um século.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Em Boston, Estados Unidos, conservadores de murais estão dedicados a uma tarefa fascinante: trazer à luz 20 anjos que permanecem encobertos há mais de um século sob camadas de tinta em uma antiga igreja que foi frequentada por Paul Revere, famoso artesão e sineiro. O restaurador Gianfranco Pocobene está liderando o esforço na Old North Church, um local icônico que não só serviu como espaço de culto, mas também como lugar de trabalho para Revere durante sua juventude.
Os anjos, cuja data de criação remonta a aproximadamente 1730, possuem características infantis e asas arredondadas, sendo uma marca distintiva da igreja desde que foram pintados no início do século XVIII. Até 1912, essas figuras estavam visíveis, mas, de forma inexplicável, foram cobertas com espessas camadas de tinta branca, alterando radicalmente a estética original do interior da igreja.
Emily Spence, diretora associada de educação da Old North Illuminated, a instituição que administra a igreja como um patrimônio histórico, ressaltou que, durante grande parte da história do local, os fiéis que frequentavam a igreja teriam apreciado a visão desses anjos e a vibrante interioridade que os acompanhava.
Essas figuras angelicais foram parte integrante das paredes da igreja desde sua construção, conforme um contrato assinado com John Gibbs, um membro da congregação que se encarregou de sua pintura. Um estudo realizado em 2017 confirmou a existência dos anjos, mas não forneceu informações sobre seu estado de conservação. A equipe de conservação enfrentou um grande desafio ao tentar remover as sete camadas de tinta que ocultavam as figuras. Para Corrine Long, conservadora de pinturas, essa foi uma das tarefas mais desafiadoras que ela e Pocobene já enfrentaram.
Para realizar a remoção da tinta, a equipe utilizou um gel solvente que ajudou a amolecer as camadas antes de proceder à remoção manual com espátulas plásticas. Para limpar os anjos e realizar retoques em eventuais danos visíveis, foram usados cotonetes. Pocobene destacou que cada anjo possui um caráter único — não são reproduzidos de forma idêntica. O artista John Gibbs os pintou de maneira individualizada, colocando-os em poses distintas, o que cria um padrão rítmico encantador ao longo das superfícies da igreja.
- Até o momento, a equipe conseguiu revelar oito dos 20 anjos que estavam escondidos. A expectativa é que outros oito sejam descobertos na primavera, conforme mencionado por Spence.
Pocobene expressou sua empolgação com o projeto, afirmando que tem sido uma verdadeira revelação encontrar essas obras de arte históricas e intrigantes nas paredes da igreja, que estavam ocultas por gerações. Para ele, participar de um projeto que resgata partes da história colonial da América é uma experiência extraordinária.
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