Bolsonaro divulga gravação em que Mauro Cid denuncia coação para delação

Gravação revela pressão sobre Mauro Cid e levanta questionamentos sobre coerção em delações

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

O ex-presidente Jair Bolsonaro utilizou suas redes sociais nesta quarta-feira (19) para divulgar um áudio onde o tenente-coronel Mauro Cid relata ter sido pressionado a delatar um suposto plano de golpe. A gravação já havia sido vazada em março do ano passado e ganhou destaque novamente após a recente denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro.

No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo dos depoimentos de Cid, que embasam a acusação. O áudio, divulgado mostra o ex-ajudante de ordens afirmando que havia “uma narrativa pronta” e que estava sendo pressionado a confirmar informações específicas. “Eles são a lei agora. A lei já acabou há muito tempo, a lei é eles. Eles são a lei. O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, como ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, declarou Cid.

Pressão de Moraes levou Cid a mudar versão

A publicação de Bolsonaro ocorreu justamente no dia em que se revelou que Mauro Cid modificou pontos centrais de seu relato após ser ameaçado de prisão por Moraes. Em 21 de novembro de 2024, o militar compareceu ao STF sob forte pressão, após a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República recomendarem sua prisão por descumprimento do acordo de colaboração.

Na audiência, Moraes foi direto ao ponto: “Vamos começar de forma bem direta, o que caracteriza o meu estilo”. Ele então advertiu que Cid teria “a última chance” para apresentar a versão correta dos fatos. O depoimento do militar acabou sendo alterado em meio a esse contexto de pressão, envolvendo inclusive menções a uma reunião na residência do general Braga Netto.

Antes dessa audiência, Cid sustentava que o encontro era informal e apenas um momento para militares registrarem fotos com Bolsonaro e Braga Netto. No entanto, depois da ameaça de prisão, ele passou a alegar que a reunião visava criar um ambiente de instabilidade social que justificasse uma intervenção militar.

Áudio revela coação e estratégia para forçar narrativa

No áudio resgatado por Bolsonaro, Mauro Cid detalha como foi coagido a fornecer informações que sustentassem a versão pretendida pelos investigadores. “Eles queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu. E não vai adiantar. Não adianta. Você pode falar o que você quiser. Eu vi isso ontem. Eles não aceitavam e discutiam, que a minha versão não era verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”.

O militar também revelou que as autoridades estavam determinadas a validar sua própria narrativa, sem levar em conta os fatos. “Eles já estão com a narrativa pronta, eles não queriam que eu dissesse a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles”, disse ele. O áudio reforça o argumento de que a delação de Cid foi conduzida sob forte coerção e com ameaças explícitas de punições severas caso ele não confirmasse a versão desejada.

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