
Especialistas discutem novas ações para prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças no país.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
São Paulo, 26 de fevereiro de 2025 – Representantes do Ministério da Saúde, profissionais de saúde, especialistas e membros da sociedade civil se reuniram em São Paulo para discutir ações voltadas ao controle da mpox (anteriormente conhecida como varíola dos macacos) no Brasil. O evento, realizado durante o 1º Encontro Nacional para o Fortalecimento da Resposta à Epidemia de Mpox e Aids Avançada, foi promovido pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e teve como objetivo reforçar as estratégias de enfrentamento às doenças no país.
Cenário epidemiológico e estratégias de controle
De acordo com o consultor técnico do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi), Matheus Spinelli, desde 2022 foram registrados 13.770 casos de mpox no Brasil, afetando principalmente homens (91,8%), com maior incidência na faixa etária entre 19 e 39 anos. Apesar do número relativamente baixo de óbitos em comparação com outros países, 15 das 16 mortes ocorreram em pessoas com aids avançada, reforçando a necessidade de integrar a resposta às duas doenças.
O Ministério da Saúde anunciou um novo reforço nas ações de enfrentamento da mpox, incluindo a aquisição de 34.560 testes para diagnóstico da doença em 2025, permitindo maior monitoramento e detecção precoce. Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, a estratégia inclui sequenciamento genômico do vírus, facilitando o rastreamento de mutações e aprimorando as medidas de prevenção.
Prevenção e tratamento
Uma das principais abordagens do governo tem sido ampliar o acesso a ferramentas preventivas contra o HIV, como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), e reforçar a importância do início imediato do tratamento para pessoas vivendo com o vírus. A presidente da International Aids Society, Beatriz Grinsztejn, destacou o papel fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS) no tratamento do HIV, ressaltando a recente incorporação do fostemsavir, um medicamento destinado a pacientes com resistência a antirretrovirais.
Outro ponto de destaque foi a implementação do Sistema de Monitoramento Clínico das Pessoas Vivendo com HIV e Aids (Simc), que auxilia os gestores de saúde a identificar indivíduos que não iniciaram o tratamento, permitindo uma abordagem mais eficaz na busca ativa e no acompanhamento de casos.
Por que a Mpox é perigosa para a saúde pública?
A mpox é causada pelo Monkeypox virus, pertencente à mesma família da varíola humana. Seus sintomas incluem febre, lesões na pele e dores musculares, podendo evoluir para complicações graves em pessoas imunossuprimidas, especialmente aquelas vivendo com HIV não tratado. A doença pode ser transmitida por contato direto com as lesões, fluidos corporais e superfícies contaminadas.
Especialistas alertam que a transmissão sexual tem sido a principal forma de contágio, tornando essencial a disseminação de informações sobre prevenção, diagnóstico e tratamento precoce.
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços no enfrentamento da mpox e do HIV no Brasil, desafios como o diagnóstico precoce e a desigualdade no acesso à saúde persistem. Representantes da sociedade civil enfatizaram a necessidade de maior investimento em educação sobre ISTs e fortalecimento de políticas públicas que garantam assistência a grupos mais vulneráveis.
O Ministério da Saúde segue monitorando a evolução da mpox no Brasil e no mundo, especialmente diante do surgimento de novas variantes do vírus. A cooperação com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades internacionais tem sido fundamental para aprimorar as estratégias de resposta e garantir que a população tenha acesso a diagnósticos rápidos e tratamentos eficazes.
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