
O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (20), é das ONGs Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega, e Ensemble contre la peine de mort (ECPM), da França.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Em 2024, o Irã alcançou a triste marca de pelo menos 975 execuções, o que representa um recorde desde que o monitoramento das penas de morte no país começou, em 2008. O relatório, publicado nesta quinta-feira (20) por organizações de direitos humanos, incluindo a Iran Human Rights (IHR), da Noruega, e a Ensemble contre la peine de mort (ECPM), da França, destaca uma “escalada alarmante” na aplicação da pena capital, que tem sido utilizada como uma ferramenta de repressão política pelo governo iraniano.
De acordo com as ONGs, 90% das execuções realizadas pelo regime não são oficialmente reportadas, o que sugere que o número real pode ser ainda mais elevado. Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da IHR, enfatiza que a pena de morte se tornou o principal instrumento de controle sobre a população, especialmente após os protestos ocorridos em 2022 e 2023, que resultaram em uma onda de prisões em massa.
Das 975 execuções confirmadas, 31 foram de mulheres e quatro ocorreram em público. O relatório também revela que menores de idade no momento do crime têm sido condenados à pena capital, citando o caso de Mehdi Jahanpour, que foi preso por homicídio aos 16 anos e executado em setembro de 2024, aos 22 anos.
O Irã ocupa o segundo lugar mundial em número de execuções, atrás apenas da China, segundo a Anistia Internacional. A maioria das condenações está ligada a crimes como tráfico de drogas, assassinato e estupro, mas acusações mais amplas, como “corrupção na Terra” ou “rebelião“, são frequentemente empregadas para silenciar opositores políticos.
Desde 2022, o regime já executou pelo menos 10 pessoas ligadas ao movimento “Mulher, Vida, Liberdade“, que ganhou força após a morte de Mahsa Amini sob custódia policial. Dentre essas, duas execuções ocorreram em 2024.
O relatório também denuncia que a maior parte das execuções é realizada por enforcamento, em segredo, dentro das prisões. Muitas vítimas são privadas de assistência jurídica e submetidas a torturas físicas e psicológicas para obter confissões que fundamentam suas condenações.
Além disso, as minorias étnicas, como balúchis e curdos, são os principais alvos das penas de morte no Irã. O documento menciona os casos de Pakhshan Azizi e Varisheh Moradi, ativistas curdas de direitos das mulheres, que foram condenadas por suas atividades humanitárias e enfrentam risco iminente de execução.
Atualmente, pelo menos 13 ativistas do movimento “Mulher, Vida, Liberdade” estão no corredor da morte, conforme relatado pela IHR e ECPM.
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