Brasil e União Europeia selam parceria inédita para intensificar combate ao crime transnacional

Foto: MJSP.
Parceria entre Polícia Federal e Europol fortalece investigações sobre tráfico de drogas, contrabando e crimes cibernéticos.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA

A Polícia Federal (PF) do Brasil e a Europol, agência de cooperação policial da União Europeia, assinaram na última quinta-feira (5) um acordo inédito para intensificar o combate ao crime transnacional. A parceria permitirá o compartilhamento de informações estratégicas e a realização de investigações conjuntas, ampliando a atuação contra crimes como tráfico de drogas, contrabando, delitos ambientais e cibernéticos, além de crimes graves como tráfico de pessoas e abuso sexual infantil.

Com a medida, autoridades brasileiras terão acesso a dados de inteligência de 27 países da União Europeia, incluindo registros de entrada e saída de suspeitos, fichas criminais e informações digitais. O acordo representa um avanço significativo na cooperação internacional contra organizações criminosas que operam em diversos continentes.

Facções criminosas na mira da cooperação internacional

O diretor de cooperação internacional da PF, Felipe Tavares Seixas, destacou que o acordo ajudará a desarticular redes criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo ele, o acesso a informações internacionais permitirá um mapeamento mais preciso das conexões da facção, que tem ampliado sua atuação no tráfico de drogas para a Europa.

Em dezembro de 2024, uma operação conjunta entre a PF e autoridades italianas revelou que membros do PCC estavam envolvidos no envio de grandes carregamentos de cocaína da América do Sul para a Europa. A investigação apontou o uso do Porto de Paranaguá e de aeronaves privadas como rotas do tráfico, além da colaboração de facções criminosas italianas na logística da distribuição.

Combate ao tráfico de pessoas e crimes cibernéticos

O tráfico de pessoas também será um dos focos da nova parceria. Segundo o Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas, mais de 450 milhões de pessoas foram vítimas desse crime entre 2003 e 2021. A União Europeia tem demonstrado crescente preocupação com essa prática, e o Brasil agora reforça seus esforços de combate por meio da cooperação com a Europol.

Outro ponto de atenção será o fortalecimento da atuação contra crimes cibernéticos, que têm se tornado uma ameaça cada vez maior à segurança internacional. O compartilhamento de dados digitais e a integração de bases de inteligência facilitarão a identificação e neutralização de grupos que operam na deep web e no financiamento ilícito de atividades criminosas.

Proteção de dados e respeito aos direitos humanos

Apesar do avanço no intercâmbio de informações, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ressaltou que a proteção da privacidade e dos direitos fundamentais dos cidadãos será uma prioridade. Segundo ele, o acordo prevê garantias para a proteção de dados pessoais e segue as diretrizes internacionais de respeito às liberdades civis.

“O crime se tornou globalizado, e a única forma de enfrentá-lo com sucesso é por meio de uma resposta coordenada e unida. Mas isso deve ser feito com total respeito às garantias individuais”, afirmou Lewandowski.

Brasil fortalece cooperação internacional

Com a assinatura desse acordo, o Brasil se torna o terceiro país a estabelecer uma parceria desse tipo com a União Europeia, após Reino Unido e Nova Zelândia. Esse movimento reforça o compromisso do país no combate ao crime organizado e amplia sua atuação no cenário de segurança internacional.

Além da Europol, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça seguem buscando novas colaborações. Em 2024, o Brasil firmou acordos com Itália e Colômbia, com foco no combate ao tráfico de drogas, repressão ao crime organizado e proteção ambiental na Amazônia.

O fortalecimento da cooperação internacional é fundamental para enfrentar desafios impostos por redes criminosas globais, que operam em diversas frentes e impactam a segurança pública mundial.

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