
Em entrevista, o ex-jogador detalha desafios em sua tentativa de mudança no futebol brasileiro e compartilha propostas para o futuro das competições e da seleção.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
Em uma entrevista, Ronaldo Fenômeno fez duras críticas à CBF, às federações estaduais de futebol e ao atual presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues. O ex-jogador abordou temas como sua desistência da pré-candidatura à presidência da Confederação, as propostas que tinha para o futebol brasileiro, e as dificuldades enfrentadas durante o processo eleitoral.
Ronaldo, que havia anunciado sua intenção de se candidatar à presidência da CBF, revelou que desistiu da candidatura após perceber que o sistema da entidade é impenetrável. “Eu sabia que seria difícil, mas não imaginei que seria impossível”, declarou. O ex-atacante afirmou que, historicamente, as eleições na CBF sempre foram marcadas pela reeleição ou pela eleição de sucessores do atual presidente, o que, segundo ele, demonstra um sistema viciado. “O sistema realmente… Ele não deixa ninguém entrar”, afirmou.
Ronaldo contou que, apesar de seus esforços, como enviar cartas oficiais a diversas federações para apresentar suas ideias, a resposta foi sempre negativa. “As federações estão alinhadas com a gestão de Ednaldo Rodrigues, e não podem nos receber”, relatou. Segundo ele, a falta de coragem das federações em mudar a gestão do futebol brasileiro e a dependência delas dos benefícios da CBF são fatores que dificultam a mudança.
Propostas para o futebol brasileiro
Apesar da desistência, Ronaldo não se distanciou das suas ideias para melhorar o futebol. Em relação aos gramados sintéticos, ele propôs uma negociação coletiva entre os clubes para garantir que os principais estádios do país adotem gramados de melhor qualidade, como os usados nas arenas do Corinthians e do Internacional. “Com a união de 20 clubes, o preço cai, e todos teriam um gramado de qualidade”, sugeriu. Ele também defendeu a redução do calendário do futebol brasileiro, compactando os campeonatos para sete meses ao ano, liberando os clubes e estádios para outras atividades.
Sobre os campeonatos estaduais, Ronaldo propôs um formato mais padronizado e enxuto, com menos jogos. “O estadual precisa melhorar. Não pode ser um monte de jogo ruim que só serve para manter os jogadores em atividade. Vamos reduzir para sete jogos, no estilo da Copa do Mundo”, sugeriu.
Futuro do futebol brasileiro
Ronaldo, que também é presidente do Valladolid, na Espanha, e ex-dono do Cruzeiro, defendeu a ampliação das SAFs (sociedades anônimas de futebol) no Brasil como uma medida essencial para a saúde financeira dos clubes. Ele destacou que a indústria do futebol no Brasil representa apenas 0,7% do PIB, um número muito abaixo da média mundial, que gira em torno de 2,5% a 3% do PIB, como ocorre na Espanha, França e Inglaterra.
Seleção brasileira e Neymar
Sobre a seleção brasileira, Ronaldo reconheceu que o time enfrenta dificuldades, principalmente devido às altas expectativas geradas por gerações anteriores e a falta de uma liderança sólida na CBF. Em relação ao futuro da seleção, ele se mostrou favorável à contratação de um técnico estrangeiro, citando Carlo Ancelotti como uma escolha ideal. “Eu teria esperado o Ancelotti, e também ele não veio”, afirmou. Ronaldo revelou que tentou, pessoalmente, ajudar na negociação para trazer o treinador do Real Madrid para a seleção brasileira.
Quanto a Neymar, Ronaldo acredita que o atacante ainda tem chances de disputar a Copa do Mundo de 2026, mas precisa fazer sacrifícios, especialmente no aspecto físico. “Ele vai ter que se cuidar, descansar bastante e se dedicar muito”, disse Ronaldo, sugerindo que Neymar precisa se concentrar exclusivamente em sua preparação para alcançar seu melhor desempenho.
Mesmo com as dificuldades, Ronaldo garantiu que continuará expondo suas ideias para o futebol brasileiro, em busca de melhorias, independentemente da sua desistência da candidatura à presidência da CBF.
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