“Apenas ele não quer” diz Bolsonaro ao expor isolamento de Moraes sobre anistia aos presos do 8 de janeiro

Ex-presidente aponta apoio crescente à anistia, inclusive entre nomes da esquerda, e denuncia interferência de Moraes no Congresso.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

Durante entrevista concedida nesta segunda-feira (7), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi direto ao identificar quem, segundo ele, resiste à proposta de anistiar os presos do dia 8 de janeiro. “Quem não quer é um ministro do Supremo Tribunal Federal, apenas ele”, afirmou, referindo-se a Alexandre de Moraes.

De acordo com Bolsonaro, o tema da anistia vem ganhando força dentro e fora do Congresso, unindo diferentes setores políticos e atraindo até mesmo parlamentares que pertencem a partidos de esquerda. “Essa pauta da anistia vai ganhando corpo entre políticos, governadores, parlamentares, e a população vai se conscientizando do que está acontecendo”, pontuou.

Ainda segundo o ex-presidente, há deputados de siglas como PT, PCdoB e Psol que, apesar de concordarem com a anistia, enfrentam barreiras impostas pelas direções partidárias. “Os partidos de esquerda, PT, PCdoB, Psol, eu vejo que tem gente de alguns partidos, que eu converso também, que gostariam de votar conosco, mas ficam amarrados na orientação partidária, porque até mesmo a esquerda não concorda com o que está acontecendo”, declarou.

O evento realizado na Avenida Paulista em apoio à anistia também foi destacado como um marco político. Bolsonaro mencionou a presença de oito governadores e o simbolismo da manifestação diante da atual conjuntura.

Paralelamente às mobilizações nas ruas, o ex-presidente contou que há um esforço sendo feito dentro da Câmara dos Deputados para viabilizar o avanço da pauta. “Vamos chegar a 257 assinaturas no requerimento, para a gente apresentar para ele [o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB)]”, disse Bolsonaro. Ele também mencionou o apoio que tem recebido de diferentes bancadas: “Conversei com quase todos os líderes, do centro, sem direita e direita, e são favoráveis à anistia.”

Apesar do movimento crescente, Bolsonaro revelou que há pressões externas atrapalhando o andamento do processo. “Ele leva pressão do ministro lá do Supremo, que não devia acontecer, isso é uma interferência”, denunciou, apontando Moraes como o responsável por travar o debate.

Ao comentar casos que ilustram a situação dos detidos, Bolsonaro mencionou o drama vivido por uma mãe presa longe dos filhos. “A Polícia Federal vai buscá-la lá na sua casa, vai tirá-la do contato com seus filhos, vai arrastá-la para um camburão e levar para uma penitenciária, deixando dois filhos pequenos em casa”, lamentou.

Bolsonaro também rejeitou as acusações de tentativa de golpe e depredação ligadas ao 8 de janeiro. “Alguma arma de fogo foi apreendida? Não, nem arma branca”, argumentou. “Estou também sendo acusado de depredação de patrimônio. Eu estava nos Estados Unidos, Como é que eu depredei o patrimônio?”

Outro episódio citado foi a multa imposta a Filipe Martins. “Não tem critério, é pessoal”, disse sobre a penalidade aplicada por Alexandre de Moraes. “A gente tem que dar graças a Deus que não foram R$ 22 milhões, como ele multou o PL, multou só em R$ 20 mil.”

O general Braga Netto também foi lembrado durante a conversa. Segundo Bolsonaro, o militar está sendo submetido a uma condição desumana. “A gente ficou sabendo que ele estava numa sala com um tratamento completamente isolado, quase que uma solitária”, afirmou. “Isso é triste para a gente, porque qual foi o crime do Braga Netto?”

Além das denúncias sobre as prisões, Bolsonaro comentou o que considera abusos nos inquéritos conduzidos pelo STF. Ele criticou o modo como os processos são conduzidos e mencionou o uso da chamada “pesca probatória”. “Quando foram atrás do [Mauro] Cid, atrás de uma possível vacina falsificada, no telefone dele ali, acharam outras coisas, e começaram as investigações.”

Sobre o teor das acusações, o ex-presidente fez críticas à falta de provas concretas. “Na parte criminal, quando aparecem palavras como ‘talvez’, ‘possivelmente’, ‘quem sabe’, ali o advogado busca absolver o seu cliente.”

Em tom de alerta, ele condenou a conduta do ministro responsável pelos processos. “A pessoa que é dona do inquérito, ela é vítima, ela interroga, ela vai ser juiz, ela dá dica ao delator, ela é tudo”, criticou. “Essa pessoa não vai querer mostrar a verdade ali, ela quer mostrar que está certa e ponto final. E o objetivo é condenar.”

Bolsonaro também relacionou os ataques que tem sofrido com perseguições internacionais a lideranças conservadoras. “É o lawfare, o ativismo judicial”, afirmou. “Só que o Trump tinha uma força muito grande, e a Justiça lá é menos politizada do que a nossa aqui.” Ele ainda mencionou episódios na França e na Venezuela: “Fizeram a mesma coisa na França, com a Marine Le Pen. Na Venezuela, afastaram os dois principais oponentes do Maduro, Maria Corina e o Capriles.”

Por fim, o ex-presidente fez um apelo à união da direita e criticou ataques internos vindos de influenciadores que, segundo ele, mais dividem do que ajudam. “Conversei com alguns desse time do lado… está do nosso lado, mas tá se julgando o censor do mundo, onde alguém de direita fala alguma coisa, ele é contra e já ataca todo mundo”, lamentou. “Um comportamento semelhante a esse, lá atrás, ajudou para que o Lula chegasse ao poder.”

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