Crise no Haiti se agrava e atinge mais de 1 milhão de deslocados internos, alerta diretora da OIM

OIM/Antoine Lemonnier A diretora-geral da Organização Internacional para Migrações, Amy Pope, encontra-se com pessoas deslocadas em Porto Príncipe, Haiti
Em visita ao país, Amy Pope denuncia falta de atenção internacional, condições desumanas nos abrigos e violência crescente de gangues que dificulta acesso à ajuda humanitária.

Por Paloma de Sá |GNEWSUSA

A diretora-geral da Organização Internacional para Migrações (OIM), Amy Pope, concluiu recentemente uma visita ao Haiti e, em declaração fez um alerta contundente sobre a gravidade da crise humanitária que afeta o país caribenho. Segundo ela, a situação vivida pela população deslocada pela violência das gangues é uma das mais complexas e urgentes do mundo, mas segue sendo ignorada pela comunidade internacional.

Com a violência fora de controle, especialmente na capital Porto Príncipe, onde grupos armados dominam cerca de 85% do território urbano, o acesso a pessoas em situação de vulnerabilidade tornou-se extremamente difícil. “É praticamente impossível chegar às vítimas por via terrestre. O deslocamento seguro só é possível por helicóptero, e mesmo isso nem sempre é viável”, destacou Pope.

Abrigos superlotados e sem infraestrutura básica

Durante a visita, a chefe da OIM esteve em centros de acolhimento para pessoas deslocadas internamente. As cenas descritas são alarmantes: milhares de pessoas amontoadas, em espaços sem acesso adequado a banheiros, higiene básica ou proteção contra a violência. Muitas dessas pessoas já tiveram de fugir várias vezes devido à expansão territorial das gangues.

Entre os deslocados estão inúmeras crianças sem acesso à escola, expostas à insegurança alimentar e a condições insalubres. Mulheres e meninas também enfrentam riscos acrescidos, já que os abrigos não oferecem estruturas adequadas de proteção contra abusos.

O número de deslocados internos no Haiti já ultrapassa 1 milhão — o triplo da cifra registrada há apenas um ano.

Repatriações em meio ao caos

Outro fator agravante destacado por Pope é o aumento das deportações de haitianos por países vizinhos. Em 2024, quase 200 mil haitianos foram repatriados, o que sobrecarregou ainda mais um sistema local já colapsado.

A diretora da OIM foi enfática ao afirmar que a crise no Haiti não deve ser vista como um problema isolado: “O que acontece no Haiti não vai ficar no Haiti. É preciso agir agora para restaurar a estabilidade, a segurança e oferecer esperança ao povo haitiano.”

Missão de segurança ainda sem força plena

A Missão Multinacional de Apoio à Segurança (MSS), aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU para auxiliar no combate à violência das gangues, ainda não tem efetivo suficiente para causar impacto real. Do total de 2,5 mil agentes previstos, apenas mil chegaram ao país até o momento.

A circulação de armas ilegais agrava o cenário: estima-se que mais de meio milhão de armas estejam nas mãos de criminosos, o que fortalece significativamente o poder dos grupos armados e impede qualquer tentativa de restabelecer a ordem.

Apelo por apoio internacional urgente

Diante desse panorama, Amy Pope renovou o apelo à comunidade internacional para intensificar os esforços de assistência ao Haiti, destacando que os recursos destinados à crise estão muito aquém do necessário. Sem uma resposta rápida e coordenada, o país corre o risco de mergulhar ainda mais no caos, com consequências diretas para toda a região.

A OIM segue trabalhando com agências humanitárias e parceiros locais para oferecer o mínimo de suporte possível às vítimas, mas reforça que sem segurança e estabilidade, o progresso será limitado.

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