
Redução da poluição atmosférica pode prevenir milhões de mortes prematuras e transformar o futuro da mobilidade urbana.
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA
A eletrificação do setor de transportes está ganhando força ao redor do mundo, e 2025 pode marcar um ano de virada decisiva. De acordo com Rob de Jong, diretor da Unidade de Mobilidade Sustentável do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a tendência de crescimento dos veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês) é clara e promete gerar impactos positivos não apenas para o meio ambiente, mas também para a saúde humana.
Segundo o especialista, países da África e da Ásia já estão aumentando significativamente suas frotas elétricas. Cidades como Pequim, na China, e Kigali, em Ruanda, já testemunham um número crescente de EVs circulando em suas vias urbanas. A previsão do Pnuma é apoiar mais de 60 países em desenvolvimento até 2050 na transição para tecnologias de transporte mais limpas.
Transporte mais limpo, cidades mais saudáveis
O setor de transporte é atualmente um dos principais emissores de gases de efeito estufa (GEE), responsável por até 30% das emissões globais projetadas para as próximas décadas. Além disso, os veículos movidos a combustíveis fósseis contribuem diretamente para a poluição do ar urbano, associada a cerca de 7 milhões de mortes prematuras por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Com a adoção crescente de carros elétricos, essa realidade pode mudar. Diferentemente dos veículos a gasolina ou diesel, os EVs não emitem poluentes atmosféricos nocivos como dióxido de nitrogênio (NO₂) e material particulado fino (PM2.5), ambos relacionados a doenças respiratórias e cardiovasculares.
Benefícios diretos para a saúde
Especialistas apontam que a redução da poluição atmosférica resultante do uso de veículos elétricos pode diminuir a incidência de doenças como asma, bronquite, câncer de pulmão e acidentes vasculares cerebrais. Cidades com ar mais limpo tendem a registrar menos internações hospitalares, além de maior qualidade de vida para crianças, idosos e populações vulneráveis.
Além disso, a transição para veículos elétricos pode ajudar a combater as chamadas ilhas de calor urbano, ao promover alternativas como bicicletas elétricas e transporte público com emissão zero, reduzindo o uso excessivo de carros em áreas densamente povoadas.
Economia e sustentabilidade lado a lado
Outro aspecto relevante, segundo Rob de Jong, é o custo-benefício dos EVs. “O preço dos carros elétricos já se equipara ao dos modelos a combustão em alguns países, como a China, especialmente com o apoio de subsídios governamentais. Além disso, a manutenção é consideravelmente mais barata a longo prazo”, afirmou.
Com cerca de 1 bilhão de novos veículos previstos até 2050, especialmente em países de renda baixa e média, a transição energética será essencial para evitar o agravamento da crise climática e sanitária global. A mudança também pode impulsionar a geração de empregos verdes — postos de trabalho sustentáveis voltados ao desenvolvimento de tecnologias limpas e renováveis.
Infraestrutura e aceitação popular
Um dos desafios, segundo o Pnuma, é combater a percepção negativa sobre a complexidade e os custos dos veículos elétricos. Mas, com a expansão da infraestrutura de estações de recarregamento e a queda gradual dos preços, a tendência é que mais consumidores se sintam seguros para migrar.
Motocicletas elétricas, por exemplo, já se tornaram populares em países africanos, graças ao custo operacional reduzido e ao impacto ambiental significativamente menor.
Um futuro mais limpo está ao alcance
A resistência da indústria dos combustíveis fósseis ainda é um obstáculo, mas De Jong acredita que essa barreira tende a cair diante da necessidade urgente de redução de emissões e da crescente demanda por soluções sustentáveis.
A mensagem da ONU é clara: investir em mobilidade elétrica não é apenas uma questão ambiental ou econômica, mas um imperativo de saúde pública. Ao reduzir a poluição atmosférica, salvamos vidas, promovemos o bem-estar coletivo e caminhamos rumo a um planeta mais habitável para as próximas gerações.
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