
O alerta é do pesquisador Hugh Montgomery, diretor do Centro de Saúde e Desempenho Humano da University College London, na Inglaterra.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Se a humanidade não conseguir conter os efeitos das mudanças climáticas, o planeta poderá enfrentar uma extinção em massa semelhante à do Período Permiano — entre 299 e 251 milhões de anos atrás — quando cerca de 90% das espécies desapareceram devido a condições extremas. O alerta foi feito por Hugh Montgomery, diretor do Centro de Saúde e Desempenho Humano da University College London e um dos autores do relatório anual sobre saúde e clima publicado pela revista científica The Lancet.
Montgomery abriu o Forecasting Healthy Futures Global Summit, encontro internacional sobre saúde e mudanças climáticas, que teve início nesta terça-feira (8) no Rio de Janeiro. O Brasil foi escolhido como sede do evento por também receber, em novembro, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30).
Segundo o pesquisador, a extinção já está em curso. “Vivemos a maior e mais rápida perda de biodiversidade que o planeta já presenciou — e nós somos os responsáveis por isso”, afirmou. O cenário pode se agravar ainda mais se a temperatura média global atingir 3 °C acima dos níveis pré-industriais. Em 2024, já atingimos um aumento recorde de 1,5 °C. Com as políticas e práticas atuais, estima-se que esse número chegue a 2,7 °C até o fim do século.
Montgomery alerta que, mesmo antes de alcançarmos os 3 °C, efeitos drásticos podem ocorrer. Um aumento temporário entre 1,7 °C e 2,3 °C pode desencadear o colapso das camadas de gelo do Ártico, desacelerar a Circulação Meridional do Atlântico — fundamental para o equilíbrio climático — e provocar a elevação do nível dos oceanos em diversos metros, com impactos catastróficos.
Ele também destacou o papel do metano, gás com potencial de aquecimento 83 vezes maior que o CO₂, principalmente liberado pela indústria de gás natural. Para o especialista, medidas urgentes de despoluição são essenciais, inclusive para a economia: a previsão é de que, a partir de 2049, as mudanças climáticas causem perdas econômicas globais de até 38 trilhões de dólares por ano — cerca de 20% da economia mundial.
Montgomery reforçou a importância de medidas de adaptação para proteger a saúde da população, já afetada hoje pelos impactos do clima. No entanto, ele adverte: “Não podemos apenas tratar os sintomas. Precisamos combater a causa com ações decisivas de redução de emissões agora”.
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