Assembleia Mundial da Saúde é aberta com apelo à união global contra futuras pandemias

OMS/Pierre Albouy O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, discursa na 78ª Assembleia Mundial da Saúde em Genebra, Suíça
Evento em Genebra destaca a possível aprovação de um tratado internacional para prevenção de futuras crises sanitárias e celebra o protagonismo da Fiocruz na pesquisa global.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

A 78ª Assembleia Mundial da Saúde foi oficialmente inaugurada nesta segunda-feira em Genebra, na Suíça, sob um clima de expectativa e urgência. Um dos principais pontos da agenda é a possível aprovação do tão aguardado Acordo Pandêmico, medida que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, classificou como um “marco histórico” na governança global da saúde.

Durante seu discurso de abertura, Tedros destacou que a proposta do novo tratado visa corrigir as desigualdades e deficiências que ficaram evidentes durante a pandemia de Covid-19. Ele reiterou a importância de preparar o mundo de forma mais justa, solidária e eficiente para enfrentar crises sanitárias futuras, sem repetir os erros do passado.

Reconhecimento ao Brasil: Fiocruz é destaque global

Em sua fala, o chefe da OMS fez questão de homenagear a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Brasil, reconhecendo o protagonismo da instituição na luta contra ameaças sanitárias globais. Ele parabenizou a Fiocruz por seus 125 anos de contribuição à ciência e à saúde pública e destacou sua liderança em um dos Consórcios Colaborativos de Pesquisa Aberta da OMS. Esse consórcio é responsável por estudar profundamente 12 grupos de patógenos com potencial pandêmico, mobilizando mais de 5 mil cientistas em uma força-tarefa global para o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e diagnósticos inovadores.

Alianças e ferramentas para prevenir novas crises sanitárias

Além desse consórcio, a OMS está envolvida em diversas outras iniciativas de cooperação internacional, como a Rede Internacional de Vigilância de Patógenos, que já conecta 350 organizações em 100 países, e o inovador Programa de Transferência de Tecnologia de mRNA sediado na África do Sul, com 15 países parceiros. Também foi destacado o Corpo Global de Emergência em Saúde, formado por especialistas de 15 nações, prontos para atuar em situações críticas.

Essas ações devem ganhar ainda mais força com a aprovação do Acordo Pandêmico, que prevê mecanismos como o Sistema de Acesso a Patógenos e Compartilhamento de Benefícios, a criação de uma Rede Global de Abastecimento e Logística, e o incentivo à produção descentralizada de vacinas, medicamentos e testes em diferentes regiões do mundo.

Tedros compartilhou que o momento em que os países chegaram a um consenso sobre o texto do acordo, em 16 de abril, foi marcado por uma explosão de emoções: “alegria, alívio, exaustão e senso de vitória”, descreveu ele.

Segundo acordo legal da OMS em sua história

Se aprovado, o tratado será apenas o segundo instrumento legal vinculante da OMS. O primeiro foi a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, adotada há duas décadas, que já resultou em uma queda de um terço na taxa global de tabagismo e cerca de 300 milhões de fumantes a menos em todo o mundo.

Tedros ressaltou que a OMS continua apoiando políticas públicas baseadas em evidências. Um exemplo recente foi o suporte oferecido a mais de 9 mil agricultores no Quênia e na Zâmbia, que abandonaram o cultivo do tabaco e passaram a plantar grãos ricos em ferro, promovendo saúde e segurança alimentar.

Crise orçamentária desafia ações da OMS

Apesar dos avanços e da atuação estratégica em várias frentes, a OMS enfrenta atualmente uma grave crise financeira. A instituição está sendo forçada a realizar cortes profundos, incluindo a redução do número de departamentos de 76 para 34, devido à insuficiência de recursos. O orçamento para o biênio 2026-2027 foi revisado para US$ 4,2 bilhões — uma redução de 21% em relação à proposta inicial de US$ 5,3 bilhões.

Tedros fez um apelo direto aos Estados-membros: “Não é razoável imaginar que uma organização com presença em 150 países, responsável por responder a emergências sanitárias e promover saúde global, opere com US$ 2,1 bilhões por ano.” Para ilustrar, ele comparou esse valor ao montante gasto globalmente em apenas 8 horas de operações militares.

“Inimigos invisíveis” e o custo da inação

O diretor-geral enfatizou a necessidade de investir mais na defesa contra “inimigos invisíveis”, como vírus e bactérias, que têm potencial devastador muito superior a muitos conflitos armados. Ele lembrou que a pandemia de Covid-19 custou à economia global aproximadamente US$ 10 trilhões e resultou na morte de cerca de 20 milhões de pessoas — um impacto humanitário e econômico sem precedentes na história recente.

Outros temas em destaque na Assembleia

Além do Acordo Pandêmico, a Assembleia Mundial da Saúde de 2025 também discutirá temas como os efeitos das mudanças climáticas na propagação de doenças, a saúde materna e neonatal, o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis e os desafios na expansão da cobertura universal de saúde.

Tedros encerrou seu discurso com um lembrete sobre a missão central da OMS: promover saúde e prevenir doenças, com ações que impactam diretamente o ambiente, a alimentação, a água, a mobilidade urbana e as condições de vida das populações. “Cuidar da saúde é investir no futuro de toda a humanidade”, concluiu.

  • Leia mais:

https://gnewsusa.com/2025/05/ice-prende-imigrante-hondurenho-acusado-de-abuso-infantil-em-connecticut/

https://gnewsusa.com/2025/05/joe-biden-e-diagnosticado-com-cancer-de-prostata-agressivo/

https://gnewsusa.com/2025/05/chas-com-efeito-relaxante-muscular-ganham-destaque-como-aliados-naturais-no-alivio-de-dores-corporais/

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*