Parcerias incluem transferência de tecnologia, produção de insumos farmacêuticos e criação de hospital inteligente no Brasil.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, integrou na terça-feira (13) a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita oficial à China. Em Pequim, foram assinados diversos acordos bilaterais estratégicos com foco em saúde pública, ciência e tecnologia. Entre os destaques estão parcerias para produção de vacinas de última geração, fabricação nacional de equipamentos médicos e implantação de uma plataforma industrial de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) no Brasil.
“A visita à China, com o presidente Lula, tem permitido que o Ministério da Saúde consolide essas parcerias que vão levar muita tecnologia, conhecimento e renda para o Brasil”, afirmou Padilha.
Centro Brasil-China para inovação em vacinas
Uma das principais iniciativas anunciadas é a criação do iBRID — Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas, uma parceria entre a empresa brasileira Eurofarma e a chinesa Sinovac Biotech. O objetivo é transformar o Brasil em uma plataforma de exportação de imunizantes para as Américas e África.
O instituto será voltado à pesquisa e ao desenvolvimento de vacinas, anticorpos monoclonais, terapias celulares e imunoterapias para doenças infecciosas, câncer e condições degenerativas. Segundo Padilha, a iniciativa constitui “uma verdadeira plataforma binacional”, ampliando a capacidade brasileira de produção e inovação em biotecnologia.
Produção nacional de IFAs com controle brasileiro
Outro memorando de entendimento assinado envolve a chinesa Aurisco e a brasileira Nortec Química, maior produtora de IFAs da América Latina. O acordo prevê a construção de uma nova plataforma industrial no Rio de Janeiro, com investimento estimado em R$ 350 milhões e produção anual de até 500 toneladas de IFAs sintéticos e biotecnológicos.
A estrutura societária deverá garantir pelo menos 51% de controle nacional, assegurando autonomia estratégica ao Brasil na produção de medicamentos essenciais para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Equipamentos médicos de última geração produzidos no Brasil
A visita também resultou em acordos com empresas chinesas para a fabricação nacional de equipamentos médicos de imagem. O foco está na produção de:
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Detectores digitais de raios-X (Careray)
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Ultrassons (SIUI)
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Tomógrafos e aparelhos de ressonância magnética (Wandong Medical)
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Equipamentos de radioterapia (Shinva Medical)
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Aceleradores lineares para esterilização médica e de alimentos (Iray Group)
Essas tecnologias, atualmente importadas pelo Brasil, poderão ser fabricadas em território nacional, reduzindo custos e ampliando o acesso da população a exames de alta complexidade, especialmente em municípios de médio e pequeno porte.
Avanço em projetos estratégicos já iniciados
A visita à China também acelerou três projetos estratégicos já em andamento:
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Vacina contra a dengue — Desenvolvida pelo Instituto Butantan, será produzida na China para viabilizar a imunização em larga escala no Brasil a partir de 2026.
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Produção de insulina glargina — Em parceria com Fiocruz, Biomm e a farmacêutica chinesa Gan & Lee. A China confirmou o envio de 20 milhões de unidades ainda este ano.
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Hospital inteligente — Projeto em colaboração com universidades chinesas e o Banco de Desenvolvimento do BRICS. A proposta prevê a criação da primeira unidade hospitalar no Brasil com inteligência artificial e integração digital em larga escala.
“Essas parcerias são extremamente inovadoras. O Brasil poderá deixar de importar e passar a produzir equipamentos e medicamentos estratégicos. Isso terá um impacto muito significativo na geração de empregos e na soberania da nossa saúde pública”, concluiu o ministro Padilha.
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