
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura destaca interações medicamentosas, contaminação, overdose e reações alérgicas como perigos crescentes do consumo sem supervisão.
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA
O uso indiscriminado de suplementos alimentares e alimentos funcionais pode representar sérios riscos à saúde pública, alerta a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em novo relatório. A agência da ONU defende regulação mais rígida e rótulos informativos, diante do crescimento acelerado no consumo global desses produtos, muitas vezes vistos como alternativas “naturais” e livres de risco.
Entre os principais perigos apontados pela FAO estão as interações medicamentosas, a possibilidade de contaminação, a toxicidade por overdose e as reações alérgicas. O Brasil é o único país lusófono citado diretamente no relatório, por meio de seu marco regulatório estabelecido pela Anvisa.
Perigos vão além da aparência “natural”
Apesar de serem amplamente comercializados e consumidos como produtos voltados ao bem-estar, os suplementos alimentares contêm compostos bioativos que podem afetar o funcionamento do organismo, especialmente quando usados sem orientação médica.
A FAO cita exemplos de substâncias naturais que podem interferir em tratamentos médicos: antioxidantes como resveratrol e quercetina podem alterar a eficácia de medicamentos contra câncer, anticoncepcionais, antidepressivos e antidiabéticos.
Além disso, a composição dos suplementos varia conforme a origem da planta, os métodos de extração e as condições de armazenamento, o que dificulta o controle de qualidade e a padronização dos efeitos.
Regulação e rotulagem são essenciais
A FAO defende que os rótulos devem conter advertências claras, como:
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“Este produto não é um medicamento”
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“Não exceder a ingestão diária recomendada”
Além disso, é proibido fazer alegações terapêuticas ou prometer benefícios superiores aos dos alimentos tradicionais, alerta o órgão. O relatório também critica a falta de uniformidade internacional nas regras: substâncias como vitamina D e melatonina, por exemplo, são classificadas de formas distintas em diferentes países — em alguns como suplementos, em outros como medicamentos.
O que diz a legislação brasileira
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regula os suplementos alimentares conforme a Resolução RDC 243/2018. Segundo a norma, esses produtos devem ser de uso oral, voltados para complementar a dieta de pessoas saudáveis, podendo conter vitaminas, minerais, enzimas, probióticos e outros nutrientes.
A Anvisa exige que os produtos apresentem composição segura, rotulagem informativa e sejam comercializados com a devida autorização, mas os riscos do consumo sem prescrição persistem, especialmente na internet e em redes sociais.
FAO recomenda ações coordenadas
A FAO conclui que, diante do crescimento da nutrição personalizada e do mercado de suplementos, autoridades sanitárias devem intensificar a fiscalização e investir em educação do consumidor, com base em evidências científicas.
A agência da ONU afirma que, para garantir a segurança alimentar e proteger a saúde pública, é necessário construir sistemas regulatórios confiáveis e acessíveis, alinhados com a evolução do setor de saúde e bem-estar.
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