Documentos manuscritos expõem movimentação milionária e estratégia financeira do Comando Vermelho, incluindo gastos com advogados, drogas e apoio a integrantes presos pelo país.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
A Polícia Federal deflagrou mais uma fase das investigações contra organizações criminosas e, dessa vez, localizou planilhas manuscritas que detalham a movimentação financeira de uma das facções mais perigosas do Brasil: o Comando Vermelho. Os registros, encontrados durante uma operação no Rio de Janeiro, revelam um esquema estruturado de administração do dinheiro ilícito movimentado pela organização.
De acordo com fontes ligadas à investigação, os documentos indicam que só no mês de fevereiro de 2024, a facção gerenciou cerca de R$ 13,8 milhões em atividades criminosas. Os valores foram divididos em duas categorias: R$ 6 milhões classificados como “dinheiro guardado” — possivelmente uma reserva de caixa para despesas emergenciais ou pagamento de propinas — e R$ 7,8 milhões destinados a “mercadorias”, um termo amplamente utilizado no meio do tráfico para se referir a entorpecentes.
Gastos variados e envio de recursos para faccionados presos
Chamou a atenção dos investigadores o detalhamento minucioso das despesas, que iam desde o pagamento de R$ 55 mil a advogados até a aquisição de 30 kg de maconha, listada como “mato” na planilha, ao custo de R$ 39 mil. Entre os itens curiosos, consta até a compra de uma cafeteira por R$ 280, reforçando a tentativa da facção de manter uma rotina organizada mesmo dentro do ambiente do crime.
Outro ponto importante identificado foi o repasse de recursos para casas de apoio e estruturas de suporte a integrantes presos em diversas unidades penitenciárias do país. Segundo os relatórios da PF, foram enviados mais de R$ 30 mil para pontos de apoio localizados em cidades estratégicas como Mossoró (RN), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Brasília (DF) — locais onde a facção mantém integrantes detidos em presídios federais de segurança máxima.
Intercepção de mensagens foi fundamental para a descoberta
A operação que resultou na apreensão dos documentos foi possível graças à interceptação de mensagens entre Edgar Alves Andrade, conhecido como Doca, um dos principais nomes do tráfico no Complexo da Penha, e Arnaldo da Silva Dias, o Naldinho, atualmente preso no Complexo de Gericinó, na zona oeste carioca. Nas conversas, ambos discutiam movimentações financeiras e estratégias de manutenção do poder da facção, tanto nas ruas quanto dentro do sistema prisional.
Facção demonstra estrutura profissional no crime
Para os investigadores, a descoberta reforça a tese de que o Comando Vermelho atua com uma estrutura administrativa comparável à de empresas formais, com controle de fluxo de caixa, reservas, investimentos em logística, defesa jurídica e suporte a integrantes presos — um modelo que dificulta o desmonte total da organização e permite a continuidade das atividades ilícitas, mesmo diante de operações policiais.
A Polícia Federal segue investigando as ramificações desse esquema e busca identificar outros envolvidos, além de rastrear o destino final dos recursos movimentados.
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