Novo protocolo clínico orienta diagnóstico, tratamento e vigilância da doença, que atinge principalmente trabalhadores rurais.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O Brasil deu um passo importante no combate à brucelose humana ao publicar oficialmente o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para a doença. A medida posiciona o país como uma referência internacional no enfrentamento dessa zoonose, que segue desafiando sistemas de saúde em diversas partes do mundo por ser pouco diagnosticada e frequentemente negligenciada.
A nova diretriz oferece orientação clínica padronizada para profissionais da saúde em todo o território nacional, abordando desde a suspeita e diagnóstico até o tratamento e acompanhamento dos casos. Com isso, espera-se melhorar a resposta do Sistema Único de Saúde (SUS) a uma doença considerada silenciosa, de evolução lenta e sintomas que podem se confundir com outras enfermidades infecciosas.
Enfoque na prevenção, tratamento e vigilância
O protocolo, desenvolvido com base em evidências científicas atualizadas, apresenta recomendações claras sobre o uso de antibióticos, duração do tratamento e estratégias de acompanhamento, com o objetivo de aumentar a eficácia terapêutica e reduzir o risco de resistência bacteriana. Além de padronizar o cuidado, o documento fortalece ações de vigilância e controle da doença em populações vulneráveis, como trabalhadores do campo, profissionais de frigoríficos, agricultores e veterinários.
A publicação também atende a uma lacuna global: até então, a última diretriz de referência sobre brucelose humana havia sido divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2006, evidenciando a importância da iniciativa brasileira.
Avanços no atendimento pelo SUS
Segundo dados recentes, o SUS registrou 118 atendimentos relacionados à brucelose humana entre 2024 e março de 2025, sendo 80 em nível ambulatorial e 38 em regime hospitalar. Embora a doença ainda não seja de notificação compulsória no Brasil, as novas diretrizes devem estimular uma maior identificação e registro dos casos.
O cuidado começa na Atenção Primária à Saúde (APS), onde equipes multidisciplinares estão preparadas para detectar precocemente sintomas compatíveis com a brucelose, conduzir exames, orientar pacientes e familiares, além de garantir o tratamento adequado. Profissionais também atuam na prevenção ativa, reforçando orientações sobre higiene, consumo seguro de alimentos e uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Sobre a brucelose humana
Causada por bactérias do gênero Brucella, a brucelose humana é transmitida principalmente pelo contato direto com animais infectados ou pelo consumo de produtos de origem animal não pasteurizados. Os sintomas mais comuns incluem febre prolongada, dores nas articulações, fadiga intensa e suores noturnos — manifestações que muitas vezes levam a confusão com outras doenças, dificultando o diagnóstico precoce.
A publicação do protocolo representa um marco no enfrentamento dessa enfermidade, ao oferecer ferramentas concretas para qualificar o cuidado, reduzir a subnotificação e proteger a saúde pública em áreas urbanas e, especialmente, rurais. O conteúdo completo já está disponível no portal do Ministério da Saúde para acesso livre de profissionais, gestores e cidadãos.
- Leia mais:
https://gnewsusa.com/2025/05/50517/

Faça um comentário