Pacientes do SUS relatam desabastecimento, mesmo com decisões judiciais em vigor; tratamento chega a custar R$ 4,5 mil por mês na rede privada.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Pacientes com diabetes, especialmente os que utilizam bomba de insulina, estão enfrentando dificuldades significativas para manter o tratamento devido à falta de medicamentos e insumos na rede pública estadual de saúde. O fornecimento, que deveria ser mensal e contínuo por meio da Farmácia de Alto Custo gerida pelo Departamento Regional de Saúde (DRS), está sendo comprometido por atrasos e desabastecimento.
Mesmo com decisões judiciais em vigor que obrigam o governo estadual a garantir os insumos, como insulina, sensores de glicose, cateteres e reservatórios, os produtos não estão sendo entregues de forma regular. A situação tem provocado insegurança entre os pacientes e profissionais da saúde, devido ao risco de complicações graves em quadros de diabetes tipo 1, doença que exige controle glicêmico rigoroso e constante.
Tratamento interrompido e riscos à saúde
O uso da bomba de insulina representa um avanço no tratamento do diabetes, pois permite a administração de microdoses de insulina com alta precisão. Essa tecnologia reduz os episódios de hipoglicemia e melhora o controle glicêmico, especialmente em crianças, adolescentes e pacientes com quadros instáveis.
Com a interrupção no fornecimento dos insumos necessários para o uso adequado da bomba, pacientes estão sendo obrigados a recorrer a métodos alternativos, como canetas de insulina ou aplicações manuais. Essa mudança pode resultar em descompensações frequentes, com riscos de hipoglicemia ou hiperglicemia, além de maior desgaste emocional.
A reposição manual da glicose com testes na ponta do dedo também gera sobrecarga no cotidiano do paciente, que precisa realizar múltiplas medições diárias — uma realidade que seria facilitada com o uso de sensores contínuos.
Custos elevados e falta de alternativas
O custo médio mensal do tratamento com bomba de insulina gira em torno de R$ 4.500,00, valor que a maioria dos pacientes não consegue arcar de forma particular. A rede pública de saúde é, portanto, a única via viável para muitos brasileiros com diabetes.
A falta dos insumos, mesmo diante de ordens judiciais, gera um sentimento generalizado de insegurança jurídica e abandono por parte do poder público. A ausência de explicações claras e de um cronograma para regularização também contribui para a insatisfação dos usuários do SUS.
Posicionamento oficial
Em nota oficial, o Departamento Regional de Saúde de Ribeirão Preto afirmou que os insumos necessários para os pacientes em tratamento com bomba de insulina estarão disponíveis para retirada até o final do mês de maio.
O DRS também informou que os pacientes serão comunicados individualmente assim que os itens estiverem disponíveis, embora não tenha esclarecido os motivos da escassez, nem apresentado um plano estruturado para evitar novas interrupções no futuro.
Alerta da comunidade médica
Profissionais da área de endocrinologia alertam que a substituição forçada da bomba por canetas ou seringas pode resultar em perda de controle glicêmico, aumento da incidência de complicações a médio e longo prazo e elevação dos custos hospitalares com internações por descompensações diabéticas.
A situação é vista como grave e urgente, uma vez que o diabetes tipo 1 exige cuidados constantes, monitoramento em tempo real e acesso regular a tecnologia médica. Qualquer interrupção no tratamento pode ter consequências severas.
Um cenário que se repete
Casos de desabastecimento de medicamentos e insumos não são novidade no sistema de saúde brasileiro. No entanto, a reincidência em situações como essa, especialmente após decisões judiciais favoráveis aos pacientes, acende um alerta sobre a fragilidade do planejamento logístico e da responsabilidade administrativa no fornecimento de medicamentos de alto custo.
A crise atual em Ribeirão Preto representa um retrato do desafio enfrentado em diversas cidades do estado de São Paulo – e reforça a necessidade de políticas públicas eficazes, investimento em atenção básica, transparência na gestão de recursos e fiscalização sobre os contratos de fornecimento.
- Leia mais:
https://gnewsusa.com/2025/05/tornados-atingem-missouri-e-kentucky-deixando-quase-30-mortos-nos-eua/

Faça um comentário