Surto global e baixa cobertura vacinal impulsionam aumento de infecções; especialistas reforçam importância da imunização.
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA
O sarampo voltou a preocupar as autoridades brasileiras após um aumento expressivo no número de casos notificados em 2025. De janeiro a maio, o Brasil já soma 86 casos confirmados da doença, de acordo com o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado na última sexta-feira (17). O número representa um crescimento de 430% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados apenas 16 casos.
A situação mais crítica está concentrada em São Paulo (34 casos), Rio de Janeiro (21) e Amazonas (11), mas há notificações em outros nove estados. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) já enviou alerta ao governo brasileiro para reforçar as ações de imunização e vigilância epidemiológica.
Caso em São Paulo tem origem internacional
A cidade de São Paulo foi recentemente notificada pela Opas sobre um caso confirmado em um menino de 1 ano e 2 meses que viajou com os pais à Bolívia. Ele apresentou sintomas compatíveis com sarampo ao retornar ao Brasil e teve diagnóstico confirmado em abril. A investigação aponta que o contágio ocorreu fora do país, mas o caso acendeu o sinal de alerta devido ao risco de transmissão local.
Além disso, o estado de São Paulo confirmou um caso autóctone — ou seja, contraído dentro do território — em um homem de 31 anos, já vacinado, que evoluiu bem e não precisou de internação. O último registro semelhante havia ocorrido em 2022.
Sarampo: doença grave e altamente contagiosa
Causado pelo Morbillivirus, o sarampo é uma doença infecciosa com alto poder de transmissão. Os principais sintomas incluem febre alta (acima de 38,5 ºC), manchas avermelhadas no corpo, tosse seca, coriza, conjuntivite e mal-estar intenso.
A infecção pode evoluir para complicações graves, especialmente em crianças menores de 1 ano, pessoas imunossuprimidas ou em situação de desnutrição. Entre as complicações estão pneumonia, encefalite e infecção de ouvido, que podem levar a sequelas permanentes ou até à morte.
Vacinação é a principal forma de prevenção
A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as unidades básicas. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) reforça que o esquema vacinal completo é a melhor maneira de evitar surtos.
-
Crianças devem tomar a 1ª dose aos 12 meses e a 2ª aos 15 meses (com a tetraviral, que inclui varicela).
-
Jovens e adultos entre 12 meses e 29 anos precisam de duas doses.
-
De 30 a 59 anos, uma dose única é suficiente, se não houver comprovação de vacinação anterior.
Pessoas com dúvida sobre o histórico vacinal devem procurar uma UBS para avaliação. Não há problema em tomar a vacina novamente se houver incerteza quanto à imunização prévia.
Crescimento global também preocupa
O aumento de casos no Brasil reflete uma tendência global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Unicef alertaram para um surto de sarampo em expansão na Europa e na Ásia Central. Foram mais de 127 mil casos confirmados em 2024 — o dobro em relação ao ano anterior e o maior número desde 1997.
Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) já confirmou 1.024 casos em 2025, com três mortes associadas, todas em crianças não vacinadas.
Recomendação das autoridades
O Ministério da Saúde e a Opas recomendam intensificar a vacinação em todas as faixas etárias, especialmente em comunidades com baixa cobertura vacinal. A meta mínima de 95% de imunização entre crianças ainda não foi atingida em diversas regiões brasileiras.
- Leia mais:

Faça um comentário