
Presidente da CBF volta a enfrentar disputa jurídica após homologação que garantiu sua permanência no cargo. CBF defende a legalidade do acordo, mas novos documentos geram novas acusações.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
A deputada Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), também conhecida como Daniela do Waguinho, entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de ultima segunda-feira (5), solicitando o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. Além disso, ela pediu a revisão do acordo homologado pelo STF em fevereiro de 2025, que havia encerrado uma disputa judicial sobre o processo eleitoral da entidade.
Em comunicado, a CBF se manifestou sobre o pedido, reforçando que “todos os atos relacionados ao acordo foram conduzidos dentro da legalidade, com a participação de representantes devidamente legitimados.” A nota da entidade afirma ainda que “o processo foi legítimo e teve acordo homologado”. A seguir, você pode conferir o texto completo da manifestação da CBF.
A petição de Daniela do Waguinho baseia-se em um laudo pericial que questiona a autenticidade da assinatura do Coronel Nunes no acordo firmado em fevereiro deste ano. Nunes, ex-presidente da CBF e vice de Ednaldo Rodrigues no último mandato, foi um dos signatários do pacto que reconheceu a legalidade da eleição de Ednaldo em 2022.
Alegações de falsificação de assinatura
A deputada anexa à sua petição um laudo que afirma que a assinatura de Nunes no acordo “não foi realizada de forma livre e consciente e sob plenas faculdades mentais.” O laudo também questiona a autenticidade da assinatura, levantando “dúvidas razoáveis”. Além disso, a petição menciona outro laudo médico de 2023, assinado por Jorge Pagura, chefe do departamento médico da CBF, que atesta que Nunes “não detinha condições físicas e cognitivas” para firmar qualquer acordo na época.
Com base nesses documentos, a deputada invoca o artigo 168 do Código Civil, que concede ao juiz a capacidade de anular um “negócio jurídico ou seus efeitos”. A petição também faz referência a uma perícia encomendada pelo vereador Marcos Dias (Podemos-RJ), que utilizou o laudo para formalizar uma denúncia ao Ministério Público Estadual, pedindo investigação sobre a autenticidade do acordo.
Controvérsias sobre a perícia
O laudo anexado à petição foi elaborado pela perita Jacqueline Tirotti, do escritório Tirotti Perícias Judiciais e Avaliações. Vale destacar que o escritório foi envolvido em outros casos polêmicos, como a validação de um vídeo usado para acusar o padre Júlio Lancelotti de pedofilia e a confirmação de uma assinatura atribuída à apresentadora Ana Hickmann em um documento de dívida com o banco Daycoval. Tanto Lancelotti quanto Hickmann negaram as acusações e criticaram os laudos emitidos.
Desdobramentos jurídicos e políticos
O caso que volta à pauta no STF tem origem no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a CBF e o Ministério Público do Rio de Janeiro em 2017. Esse acordo original visava modificar o estatuto eleitoral da entidade, dando mais poder às federações e reduzindo a influência dos clubes.
Após a homologação de um novo pacto entre MP e CBF em março de 2022, o tribunal havia aprovado a legalidade da eleição de Ednaldo Rodrigues. Porém, em dezembro de 2023, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro anulou o acordo, o que fez Ednaldo ser removido do cargo. Em janeiro de 2024, uma liminar do ministro Gilmar Mendes restabeleceu sua presidência.
Em fevereiro de 2025, o acordo foi novamente homologado pelo STF, mas o ministro Flávio Dino, que pediu vista em outubro de 2024, concluiu sua análise do caso e devolveu os autos. O julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade foi agendado para o dia 28 de maio, com a petição de Daniela do Waguinho solicitando o afastamento imediato de Ednaldo devido aos “fatos novos e de extrema relevância” apresentados.
Críticas e incertezas sobre a seleção brasileira
Este novo capítulo jurídico ocorre em meio a um momento de crescente pressão sobre Ednaldo Rodrigues, especialmente pela falta de um técnico para a Seleção Brasileira. Após demitir Dorival Júnior em 28 de março, Ednaldo ainda não anunciou um substituto, o que aumenta as críticas à sua gestão na CBF.
O futuro de Ednaldo Rodrigues no comando da CBF e a solução para a falta de um treinador para a Seleção permanecem em aberto, enquanto o STF analisa os desdobramentos do caso e a validade do acordo que garantiu sua permanência no cargo.
Confira nota da CBF:
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reitera seu compromisso com a transparência, a legalidade e a boa-fé em todas as suas ações e decisões institucionais.
Diante das recentes notícias veiculadas na imprensa sobre suposto vício de vontade em assinatura constante do acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a legitimidade da eleição do presidente Ednaldo Rodrigues, a CBF esclarece que ainda não teve acesso formal ao referido laudo pericial, supostamente asssinado por perito particular, que está sendo utilizado de forma midiática e precipitada, em verdadeira espetacularização que atende a interesses nada republicanos e aparentemente questionado por terceiros absolutamente estranhos ao processo.
A CBF enfatiza que todos os atos relacionados ao acordo mencionado foram conduzidos dentro da legalidade e com a participação de representantes devidamente legitimados. O processo foi legítimo e teve acordo homologado.
É absolutamente inverdade que esse processo tenha sido reaberto a pedido de uma parlamentar.
A CBF confia plenamente na Justiça brasileira e permanece à disposição das autoridades competentes para esclarecer quaisquer dúvidas que eventualmente surjam. A entidade segue focada em sua missão de promover o futebol brasileiro com seriedade, profissionalismo e respeito às instituições e com absoluta tranquilidade de que todos os princípios de boa gestão e de probidade são diuturnamente respeitados.”
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