General Freire Gomes desarma narrativa de golpe e enfrenta Moraes: ‘Em nenhum momento’ houve ordem de Bolsonaro

Durante depoimento ao STF, ex-comandante do Exército afirma que transição para governo Lula foi “pacífica” e nega qualquer ordem do então presidente Jair Bolsonaro relacionada a golpe.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

Durante depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última segunda-feira (19), o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, foi categórico: “em nenhum momento” recebeu ordem do então presidente Jair Bolsonaro para movimentar tropas com o objetivo de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.

A resposta foi dada de forma direta ao advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, e reforça a posição do ex-presidente, ao mesmo tempo em que contradiz a narrativa de que havia um plano golpista articulado pelas Forças Armadas sob sua liderança.

Ainda durante a oitiva, Vilardi também questionou Freire Gomes sobre a transição de comando no Exército logo após o anúncio da vitória de Lula. O general destacou que todo o processo ocorreu de maneira tranquila e institucional.

“Discutimos quais seriam as datas para a passagem de comando”, contou. “Por intermédio do ministro da Defesa, certamente com orientação do senhor presidente da República, recebi José Mucio, com o general Arruda, que iria me substituir. Fizemos um almoço e uma apresentação completa de toda a estrutura de funcionamento do Exército”, explicou Freire Gomes, descrevendo uma transição marcada por respeito e profissionalismo.

No entanto, o clima na oitiva esquentou quando o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, interrompeu o depoimento para advertir o general. Moraes acusou uma suposta contradição nas declarações e subiu o tom: “Antes de responder, pense bem. A testemunha não pode deixar de falar a verdade. Se mentiu na polícia, tem que falar que mentiu na polícia. Não pode, agora, no STF dizer que não sabia.”

Segundo o ministro, em depoimento anterior à Polícia Federal, Freire Gomes teria mencionado uma reunião no final de 2022 em que Bolsonaro teria tratado de um plano de ruptura institucional, com suposta anuência do então comandante da Marinha, almirante Garnier Santos. No entanto, ao STF, o general negou ter visto qualquer tipo de “conluio” por parte de Garnier.

Apesar da tentativa de Moraes de enquadrar o militar, as falas do ex-comandante do Exército reforçam que não houve orientação de Bolsonaro para qualquer movimento ilegal por parte das Forças Armadas. Ao destacar a normalidade da transição e negar articulações para impedir a posse de Lula, Freire Gomes acaba contribuindo para descontruir a tese de que o ex-presidente teria agido fora dos limites da Constituição.

As declarações do general, especialmente a negativa categórica sobre qualquer ordem presidencial para atuação fora dos marcos constitucionais, fortalecem a defesa de Bolsonaro diante de investigações que, até o momento, carecem de provas robustas e conclusivas. A fala de um dos mais altos oficiais do Exército à época dos fatos reforça a legalidade e institucionalidade que marcaram o fim do governo anterior.

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