OMS recomenda vacina em gestantes e anticorpo monoclonal para proteger bebês contra vírus respiratório grave

Foto: internet
Vírus sincicial respiratório (VSR) é responsável por 100 mil mortes de crianças por ano; quase metade das vítimas têm menos de 6 meses.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta sexta-feira (30) seu primeiro documento oficial sobre imunização contra o vírus sincicial respiratório (VSR), destacando recomendações que podem salvar milhares de vidas infantis. Segundo a agência, o vírus causa 100 mil mortes por ano e mais de 3,6 milhões de hospitalizações de crianças menores de cinco anos em todo o mundo — com quase 50 mil mortes registradas entre bebês com menos de seis meses.

O documento, publicado no Boletim Semanal Epidemiológico da OMS, destaca duas estratégias de proteção eficazes: uma vacina aplicada em gestantes no terceiro trimestre da gravidez e um anticorpo monoclonal de longa duração, administrado diretamente nos bebês ao nascer ou durante a primeira consulta pediátrica.

Países mais pobres concentram quase todas as mortes

Segundo a OMS, 97% dos óbitos causados pelo VSR ocorrem em países de baixa e média renda, onde há maior dificuldade de acesso a tratamentos como oxigênio e hidratação intravenosa. A diretora de Imunização da agência, Kate O’Brien, afirma que as novas medidas podem reduzir drasticamente as hospitalizações e mortes, especialmente entre os recém-nascidos e prematuros.

“Estamos diante de uma oportunidade histórica de salvar milhares de vidas infantis com produtos que já demonstraram eficácia”, declarou O’Brien.

O VSR, altamente contagioso em todas as idades, costuma provocar sintomas semelhantes aos de um resfriado comum. No entanto, em bebês e grupos vulneráveis, pode evoluir para complicações graves como pneumonia e bronquiolite, sendo uma das principais causas de hospitalizações no mundo entre lactentes.

Duas formas de proteção: vacina materna e anticorpo para o bebê

O primeiro produto recomendado é a vacina RSVpreF, aplicada em gestantes a partir da 28ª semana de gravidez. Ela estimula a produção de anticorpos na mãe, que são transferidos ao bebê ainda no útero. A vacinação pode ser integrada às consultas pré-natais de rotina, sendo idealmente administrada durante o terceiro trimestre.

Essa vacina materna foi pré-qualificada pela OMS em março de 2025, o que permite sua compra por agências das Nações Unidas e facilita sua adoção em sistemas públicos de saúde.

O segundo produto é o nirsevimabe, um anticorpo monoclonal de dose única, que oferece proteção rápida e prolongada. A recomendação é que seja aplicado logo após o nascimento ou antes da alta hospitalar. Caso não seja possível nesse período, o imunizante pode ser administrado na primeira consulta médica do bebê.

A proteção gerada pelo nirsevimabe dura pelo menos cinco meses, o que é suficiente para cobrir a temporada de circulação do VSR em países com sazonalidade definida. Também pode ser administrado em bebês mais velhos, antes da primeira exposição ao vírus.

Benefício maior até os 6 meses, mas também eficaz até 1 ano

Embora o maior impacto ocorra entre bebês com menos de seis meses, a OMS aponta que crianças de até 12 meses ainda podem se beneficiar da imunização com o anticorpo monoclonal, especialmente nos países que optarem por aplicar a dose apenas durante a temporada do VSR.

Implementação dependerá de cada país

A OMS reforça que a escolha entre os dois produtos deve considerar a viabilidade no sistema de saúde local, a relação custo-benefício e a cobertura vacinal esperada. Ambas as soluções foram recomendadas globalmente pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (SAGE) em setembro de 2024.

Com essas novas diretrizes, a expectativa é que governos de todo o mundo, especialmente os de países em desenvolvimento, adotem medidas preventivas eficazes contra um vírus que ainda representa risco severo à saúde infantil.

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