
Reações nas redes ao esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias superaram outros escândalos recentes e aumentaram o desgaste da imagem do governo.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
A revelação de uma fraude massiva no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) caiu como uma bomba no cenário político e digital brasileiro. Dados da Quaest mostram que o escândalo provocou uma reação muito mais intensa nas redes do que outras crises enfrentadas pelo governo federal neste ano.
Com base em uma análise de 30 mil grupos públicos de aplicativos de mensagens, a consultoria identificou um volume expressivo de publicações relacionadas ao caso entre 21 de abril e 7 de maio: foram aproximadamente 3,6 milhões de mensagens, alcançando em média 818 mil pessoas por dia.
A operação que trouxe o caso à tona, batizada de Sem Desconto, foi realizada pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União no dia 23 de abril. A investigação revelou que aposentados e pensionistas foram vítimas de descontos associativos não autorizados, que somariam até R$ 5,9 bilhões desviados nos últimos anos.
Mesmo com o passar dos dias, a repercussão não arrefeceu. “Mesmo após semanas desde a deflagração da Operação Sem Desconto, o escândalo envolvendo o INSS continua sendo um dos temas políticos mais discutidos nos grupos monitorados pelo QInsider, plataforma de monitoramento de grupos de mensageria da Quaest”, afirma o relatório.
Três momentos foram decisivos para impulsionar o tema: o lançamento da operação, a divulgação do relatório oficial da Polícia Federal no dia 29 de abril e, posteriormente, a publicação de um vídeo nas redes sociais pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), em 6 de maio, responsabilizando diretamente o governo pelo escândalo.
A comoção gerada superou até a crise do Pix, que mobilizou o país no início do ano após a Receita Federal anunciar um monitoramento das transações financeiras — medida que acabou sendo cancelada após forte reação pública. Segundo a Quaest, nas duas primeiras semanas após o início da operação Sem Desconto, o escândalo no INSS gerou 2,6 vezes mais mensagens que o caso do Pix nos grupos analisados.
A pesquisa aponta ainda que a repercussão do vídeo de Nikolas Ferreira sobre o INSS foi significativamente maior do que o conteúdo anterior publicado por ele sobre o Pix. De acordo com os dados, “nos dois primeiros dias após a publicação, o vídeo relacionado à fraude no INSS gerou 108% mais menções em grupos públicos de aplicativos de mensagens do que o conteúdo sobre a crise do Pix, divulgado em janeiro deste ano.”
Além da quantidade, o tom das mensagens também revelou um cenário alarmante para o governo. A análise de sentimento conduzida pela consultoria apontou que “50% das mensagens eram críticas diretas, 47% consistiam na simples disseminação de notícias sobre o caso e apenas 3% traziam defesas do governo.”
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