Brasil defende produção regional de vacinas, medicamentos e tecnologias em saúde no Mercosul

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Na 56ª Reunião de Ministros da Saúde do bloco, país reforça compromisso com a integração sanitária, fortalecimento dos sistemas públicos e preparação para futuras emergências sanitárias.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

O Brasil assumiu protagonismo na 56ª Reunião de Ministros da Saúde do Mercosul e Estados Associados, realizada nesta sexta-feira (13), em Buenos Aires, Argentina, ao defender a ampliação da produção local de medicamentos, vacinas e tecnologias em saúde como estratégia fundamental para garantir a segurança sanitária e fortalecer os sistemas públicos da região.

Na ocasião, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que a integração regional é essencial para que os países do bloco tenham acesso justo e equitativo às tecnologias de saúde e estejam preparados para enfrentar emergências sanitárias, como pandemias, surtos de doenças e desafios climáticos.

Brasil assume liderança na saúde do Mercosul

A partir de julho, o Brasil assumirá oficialmente a Presidência Pro Tempore do Mercosul, liderando também a agenda da saúde. Na prática, isso significa conduzir negociações e articular ações que impulsionem a produção regional de insumos estratégicos, além de fortalecer as parcerias com a União Europeia e outros blocos internacionais.

Entre as prioridades estão:

  •  A ampliação da capacidade de produção de vacinas, medicamentos e tecnologias médicas nos países do bloco.

  •  O avanço das diretrizes do Acordo de Pandemias da OMS, visando maior preparação regional.

  •  A implementação de estratégias de vigilância sanitária e fortalecimento dos programas de vacinação.

Compromissos firmados entre os países do bloco

Durante o encontro, os ministros da Saúde assinaram uma declaração conjunta e quatro acordos multilaterais que incluem:

  •  Reconhecimento da sífilis, incluindo a forma congênita, como prioridade regional.

  • Criação de diretrizes para combater a obesidade e o uso excessivo de telas, principalmente entre crianças e adolescentes.

  •  Promoção da transformação digital na saúde, com foco em ampliar o acesso, melhorar a eficiência e garantir a interoperabilidade dos sistemas de dados.

  • Fortalecimento da sustentabilidade financeira dos sistemas públicos de saúde, com mecanismos colaborativos para a resolução de controvérsias.

Foco na saúde pública, vacinação e segurança sanitária

Padilha também reforçou a importância de investir em saúde sexual e reprodutiva, com ênfase nas populações vulneráveis, além de propor políticas conjuntas para enfrentar as doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e câncer.

O ministro destacou ainda que surtos recentes de dengue, febre amarela e sarampo demonstram a urgência de fortalecer a vigilância em saúde, principalmente nas regiões de fronteira. “Precisamos de programas de imunização sólidos, com ações coordenadas e permanentes”, afirmou.

Saúde digital, inteligência artificial e capacitação profissional

Entre os temas da presidência brasileira está a consolidação da saúde digital, incluindo a regulamentação do uso de inteligência artificial (IA) na área. Padilha frisou que, embora a IA seja uma ferramenta de apoio, ela “jamais substituirá o trabalho humano”.

O Brasil também anunciou a oferta de 50 mil vagas de capacitação para profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da UNA-SUS, priorizando temas como transformação digital, uso seguro de dados e ferramentas tecnológicas aplicadas à saúde pública.

Projetos estratégicos: fronteiras, saúde mental e transplantes

Sob a presidência brasileira, o Mercosul também irá fortalecer o projeto “Fronteiras Saudáveis e Seguras”, desenvolvido em parceria com a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e a Agência Brasileira de Cooperação.

Padilha propôs transformar o atual Comitê Ad Hoc de Saúde Mental em uma comissão permanente, além de ampliar o debate sobre transplantes de órgãos intervivos e doação de tecidos, temas fundamentais para a saúde pública da região.

Diplomacia sanitária, crise climática e futuro da saúde global

Durante a reunião, foi comemorada a aprovação do Acordo de Pandemias, que garante aos países membros acesso justo a vacinas, medicamentos e equipamentos de proteção em situações de emergência.

O Brasil também destacou a necessidade de inserir a saúde como tema central na agenda climática mundial, especialmente com os impactos das mudanças climáticas sobre a saúde. O ministro convidou os países a participarem do lançamento do Plano de Ação de Saúde de Belém, previsto para acontecer na COP30, em novembro deste ano, no Pará.

Integração regional é prioridade

Ao encerrar sua participação, Padilha afirmou que a presidência brasileira no Mercosul será marcada pela busca incessante por sistemas de saúde mais fortes, inclusivos e resilientes. “Nosso compromisso é com a saúde nacional, regional e global. Só com união, inovação e cooperação construiremos sistemas públicos capazes de enfrentar os desafios do presente e do futuro”, concluiu.

Sobre o Mercosul

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um bloco econômico que reúne Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela, promovendo integração econômica, social e sanitária entre os países membros.

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