
Conquista histórica fortalece a imagem do agronegócio brasileiro e abre novos mercados para exportação de carne.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Em cerimônia realizada nesta quinta-feira (6), em Paris, o Brasil foi oficialmente reconhecido como país livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, participaram do evento, que ocorreu durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da OMSA.
O certificado abrange 100% do território nacional e representa uma das conquistas sanitárias mais relevantes da história recente do agronegócio brasileiro. Com a nova classificação, o Brasil se junta ao seleto grupo de países que eliminaram a febre aftosa sem depender de vacinação, um passo fundamental para aumentar o acesso da carne brasileira a mercados exigentes, como Japão, Coreia do Sul e países da União Europeia.
Reconhecimento internacional e impacto econômico
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o reconhecimento fortalece a imagem do Brasil como fornecedor confiável, seguro e competitivo de proteína animal, abrindo novas oportunidades de exportação e impulsionando a economia rural, especialmente nas regiões produtoras de bovinos, suínos e ovinos.
Além de ampliar o comércio internacional, a certificação também reforça o compromisso do país com o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar e o bem-estar animal — fatores que têm ganhado cada vez mais peso nas negociações globais.
Programa nacional foi decisivo
O reconhecimento é resultado direto da implementação bem-sucedida do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa, liderado pelo Mapa, com apoio das secretarias estaduais de agricultura e de instituições do setor privado. O programa priorizou:
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Fortalecimento dos serviços veterinários oficiais;
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Investimentos em infraestrutura e capacitação técnica;
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Modernização dos sistemas de vigilância epidemiológica;
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Transição de zonas com vacinação para zonas sem vacinação.
Nos últimos dez anos, o Brasil deixou de vacinar gradualmente o rebanho em diversas regiões, com base em estudos de risco e monitoramento intensivo. A última etapa foi concluída em 2024, quando os últimos estados suspenderam a vacinação sem registrar novos focos da doença.
Declarações oficiais
Durante a cerimônia, o presidente Lula destacou o papel estratégico do agronegócio para o Brasil:
“Esse reconhecimento mostra ao mundo o compromisso do Brasil com a sanidade animal, com a ciência e com o comércio justo. É uma vitória de quem trabalha no campo e de quem acredita na força do nosso país como potência agroambiental”, declarou Lula.
Já o ministro Carlos Fávaro afirmou que a conquista é resultado da união de esforços entre governos, produtores e técnicos:
“O Brasil provou que é possível avançar com responsabilidade, técnica e diálogo. A febre aftosa sem vacinação é um marco que vai alavancar nossas exportações e valorizar ainda mais nossos produtos.”
O que é a febre aftosa?
A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa, que afeta principalmente bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Embora raramente atinja seres humanos, seus impactos econômicos são severos: surtos podem levar ao embargo das exportações, sacrifício de animais e grandes perdas financeiras.
Por isso, o status de país livre da doença sem vacinação é considerado o mais alto nível de excelência sanitária internacional.
Próximos passos
Com o reconhecimento, o Brasil deverá manter uma vigilância sanitária rigorosa para conservar o status obtido. Isso inclui notificações imediatas de suspeitas, fiscalização de fronteiras, controle do trânsito de animais e constante atualização dos protocolos internacionais.
O Mapa informou que seguirá investindo em tecnologia, capacitação e parcerias internacionais, visando fortalecer ainda mais o sistema brasileiro de defesa agropecuária.
O reconhecimento do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação consolida uma década de esforços coordenados em prol da saúde animal, da qualidade dos produtos agropecuários e da confiança internacional. A certificação não apenas reforça a competitividade da carne brasileira no cenário global, como também simboliza a capacidade do país de alinhar desenvolvimento econômico à responsabilidade sanitária. Um marco que beneficia produtores, consumidores e toda a cadeia do agronegócio nacional.
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