Nanoplásticos são encontrados em cérebros humanos e acendem alerta sobre impacto silencioso do plástico na saúde

Credit: Neuroscience News
Estudo revela aumento significativo de fragmentos de plástico no cérebro entre 2016 e 2024; pacientes com demência apresentaram os maiores níveis de contaminação.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

Um estudo científico de impacto global acaba de revelar dados alarmantes sobre a presença de fragmentos de plástico no corpo humano — e, mais especificamente, no cérebro. A pesquisa, liderada por cientistas da Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, revelou que amostras de tecido cerebral humano colhidas em 2024 continham quantidades significativamente maiores de nanoplásticos do que aquelas coletadas em 2016. Segundo os pesquisadores, os níveis aumentaram cerca de 50% em menos de uma década.

“Isso significa que nossos cérebros, hoje, são compostos por 99,5% de tecido cerebral e 0,5% de plástico”, alertou o professor Matthew Campen, farmacologista e um dos principais autores do estudo. Em termos proporcionais, o acúmulo de plástico nos cérebros analisados foi de sete a 30 vezes maior do que o encontrado em outros órgãos, como rins e fígado — regiões tradicionalmente consideradas mais expostas à filtração de substâncias tóxicas.

Plástico no cérebro e demência

O estudo analisou amostras de cérebros humanos obtidas por meio de autópsias, com atenção especial a pacientes diagnosticados com doenças neurodegenerativas, como a demência. Os resultados mostraram que indivíduos com esse tipo de condição apresentaram de três a cinco vezes mais fragmentos plásticos microscópicos em comparação com cérebros de pessoas sem histórico de doenças cognitivas.

Os pesquisadores identificaram os nanoplásticos localizados principalmente nas paredes dos vasos sanguíneos cerebrais e em células do sistema imunológico, sugerindo que essas partículas conseguem atravessar barreiras biológicas altamente seletivas — como a barreira hematoencefálica — e se acumular em áreas sensíveis do cérebro.

“A inflamação causada por doenças como a demência pode atuar como um ‘sumidouro’ para essas partículas plásticas, favorecendo sua retenção no tecido cerebral”, explicou Campen. O achado sugere que há uma interação perigosa entre os processos inflamatórios e o acúmulo de poluentes no cérebro.

O plástico em todos os lugares

A descoberta se soma a uma crescente coleção de evidências científicas que mostram o quanto os micro e nanoplásticos — partículas com dimensões minúsculas, muitas vezes invisíveis a olho nu — estão infiltrados em quase todos os aspectos da vida moderna. Já foram encontrados em lugares remotos como o fundo das fossas oceânicas e as camadas congeladas do gelo antártico. Eles estão presentes na água potável, em alimentos industrializados, no ar que respiramos e agora, como se confirma, no interior do cérebro humano.

Embora os plásticos tenham revolucionado a vida moderna ao proporcionar praticidade, durabilidade e baixo custo, seu legado ambiental e biológico está se revelando cada vez mais preocupante. Muitos plásticos comuns, como o polietileno e o poliestireno, podem se fragmentar com o tempo, liberando micropartículas que são ingeridas ou inaladas sem que tenhamos consciência.

O futuro da pesquisa

O estudo levanta questionamentos urgentes sobre os efeitos de longo prazo da exposição humana a plásticos em nível celular e neurológico. Ainda não se sabe, por exemplo, se a presença dessas partículas é causadora direta de doenças, ou se sua concentração elevada em pacientes com demência é apenas um reflexo do quadro inflamatório generalizado causado pela doença.

“Precisamos de mais estudos para entender o verdadeiro impacto dessas partículas na saúde humana”, reforçou Campen. “Estamos apenas começando a decifrar os riscos associados a essa contaminação invisível, mas onipresente.”

Enquanto a ciência avança, os especialistas recomendam a adoção de medidas preventivas, como a redução do uso de plásticos descartáveis, a substituição de utensílios de cozinha por alternativas sem plástico e o consumo de água filtrada.

A presença de nanoplásticos no cérebro é, mais do que um alerta científico, um chamado urgente para repensarmos a relação da sociedade moderna com esse material aparentemente indispensável, mas de consequências ainda incalculáveis.

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