
Ministério da Saúde incorpora DIU-LNG e desogestrel à rede pública; tecnologias hormonais prometem reduzir a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida das pacientes.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O Sistema Único de Saúde (SUS) vai ampliar a oferta de tratamento para mulheres com endometriose com a incorporação de duas novas tecnologias hormonais: o Dispositivo Intrauterino com Levonorgestrel (DIU-LNG) e o desogestrel. A decisão foi anunciada pelo Ministério da Saúde e representa um avanço no cuidado integral às pacientes que convivem com essa doença inflamatória crônica e progressiva.
Segundo a pasta, os novos métodos vão permitir maior adesão e eficácia no controle dos sintomas, reduzindo a progressão da doença e o impacto da dor na rotina das mulheres.
“Mais do que inovação, estamos falando de garantir cuidado oportuno e eficaz para milhares de mulheres que convivem com a dor e o impacto da endometriose em seu dia a dia”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. “A oferta desses dois tratamentos representa qualidade de vida e um avanço relevante na atualização tecnológica do SUS.”
Como funcionam os novos tratamentos
O DIU-LNG atua diretamente na supressão do crescimento do tecido endometrial fora do útero e é especialmente indicado para pacientes que têm contraindicação ao uso de contraceptivos orais combinados. Um dos principais diferenciais do método é sua durabilidade: ele precisa ser trocado apenas a cada cinco anos, o que contribui para maior adesão ao tratamento.
Já o desogestrel é um anticoncepcional hormonal que inibe a ovulação e bloqueia a ação dos hormônios responsáveis pelo crescimento do endométrio ectópico. Além de aliviar a dor, ele pode ser utilizado como primeira linha de tratamento, inclusive antes da confirmação diagnóstica por exames, sendo útil nas fases iniciais do atendimento clínico.
As duas tecnologias foram incorporadas por meio das Portarias SECTICS/MS nº 41 e 43 de 2025, após recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Para que estejam plenamente disponíveis à população, será necessária a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Endometriose.
Aumento na procura por atendimento no SUS
Dados do Ministério da Saúde mostram que a endometriose é uma condição com crescente demanda por atendimento no Brasil. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo — um total de aproximadamente 190 milhões de pessoas.
Na Atenção Primária à Saúde, o SUS registrou um aumento de 30% no número de atendimentos relacionados à endometriose: foram 115.131 atendimentos em 2022, contra 144.970 em 2024. Entre 2023 e 2024, foram mais de 260 mil atendimentos registrados.
Na Atenção Especializada, a alta foi ainda maior: 70% de crescimento, passando de 31.729 atendimentos em 2022 para 53.793 em 2024. Houve também um salto de 32% nas internações, com 14.795 registros em 2022 e 19.554 em 2024, totalizando 34,3 mil internações nos últimos dois anos.
O que o SUS já oferece
O tratamento da endometriose pelo SUS pode ser clínico ou cirúrgico.
No tratamento clínico, as pacientes têm acesso a:
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Progestágenos
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Contraceptivos orais combinados (COCs)
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Análogos do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH)
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Analgésicos e anti-inflamatórios
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Acompanhamento multiprofissional
Já o tratamento cirúrgico inclui:
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Videolaparoscopia: técnica minimamente invasiva usada para remover focos da doença ou confirmar o diagnóstico;
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Laparotomia: cirurgia aberta indicada em casos mais graves;
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Histerectomia: retirada do útero, indicada apenas em situações específicas e após avaliação rigorosa.
Entenda a doença
A endometriose é caracterizada pelo crescimento do tecido semelhante ao endométrio (revestimento do útero) fora da cavidade uterina, afetando órgãos como ovários, intestino e bexiga. Essa condição provoca reações inflamatórias que podem causar:
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Cólica menstrual intensa
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Dor pélvica crônica
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Dor durante as relações sexuais
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Infertilidade
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Queixas intestinais e urinárias com padrão cíclico
A doença pode comprometer de forma significativa a qualidade de vida das pacientes, afetando o bem-estar físico, emocional e social. Por isso, a ampliação do acesso a novas terapias representa um marco importante na luta pela saúde da mulher no Brasil.
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