
Tecnologia inovadora vai beneficiar 140 milhões de brasileiros e posiciona o país como líder global no controle de arboviroses.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O Ministério da Saúde do Brasil deu um passo histórico no combate às arboviroses neste sábado, 19 de julho de 2025, ao inaugurar, em Curitiba (PR), a maior biofábrica do mundo dedicada à produção de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. A tecnologia tem como objetivo impedir a transmissão dos vírus da dengue, Zika e chikungunya, e deverá beneficiar cerca de 140 milhões de brasileiros nos próximos anos.
A iniciativa é resultado de uma parceria entre a Fiocruz, a empresa Wolbito do Brasil, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP), com investimento superior a R$ 82 milhões.
“Não existe nenhum lugar no mundo que produz a quantidade de mosquitos que passaremos a produzir aqui no Brasil com essa tecnologia inovadora. Isso nos coloca na linha de frente global”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a cerimônia de inauguração.
Como funciona a tecnologia?
A Wolbachia é uma bactéria naturalmente presente em 60% dos insetos e, quando inserida nos mosquitos Aedes aegypti, impede que os vírus da dengue, Zika e chikungunya se desenvolvam no organismo do inseto. A liberação desses mosquitos no ambiente permite que eles se reproduzam com os mosquitos selvagens, gerando uma nova geração com menor capacidade de transmissão das doenças.
Ao longo do tempo, a proporção de mosquitos com Wolbachia aumenta, reduzindo de forma significativa os surtos de arboviroses. A tecnologia já foi testada com sucesso em cidades brasileiras como Niterói (RJ), onde os casos de dengue caíram 69% após a aplicação do método.
Produção em larga escala
Com a nova biofábrica, o Brasil passará a produzir cerca de 100 milhões de ovos de mosquito por semana, contra os 5 milhões da estrutura anterior. O impacto da medida será sentido em cerca de 40 municípios com maior incidência das doenças, posicionando o país como referência internacional no uso dessa tecnologia.
Além de eficaz, a solução é também econômica: para cada R$ 1 investido, estima-se uma economia de até R$ 500 em custos com medicamentos, internações e tratamentos.
Estratégia nacional
O método da Wolbachia faz parte de uma estratégia nacional de combate à dengue que inclui seis eixos principais:
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Prevenção
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Vigilância
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Controle vetorial
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Organização da rede assistencial
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Preparação e resposta às emergências
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Comunicação e participação comunitária
Desde 2023, o Ministério da Saúde vem ampliando o uso da Wolbachia em áreas prioritárias. Cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Natal, Londrina e Brasília já contam com o programa.
O Brasil também foi o primeiro país do mundo a oferecer a vacina contra a dengue pelo SUS, com mais de 16 milhões de doses adquiridas até agora. Para 2026, está prevista a produção nacional do imunizante pelo Instituto Butantan, com capacidade anual de 60 milhões de doses.
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