Brasil: líder de quadrilha que trocava etiquetas de malas e levou inocentes à prisão na Europa é preso em SP

Investigado atuava no planejamento logístico e financeiro da organização que levou duas brasileiras inocentes à prisão por tráfico internacional de drogas na Alemanha.

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira (22), um homem apontado como um dos últimos chefes em liberdade da quadrilha responsável por fraudes no sistema de bagagens do Aeroporto Internacional de Guarulhos. O grupo é investigado por colocar drogas em malas despachadas por passageiros inocentes, incluindo o caso das duas brasileiras que foram presas injustamente na Alemanha em 2023.

A prisão ocorreu em um condomínio de alto padrão em Guarulhos, onde os agentes apreenderam dinheiro em espécie, um carro avaliado em R$ 100 mil e garrafas de uísque de alto valor. Segundo a investigação, o homem, de 30 anos, era responsável pela logística da quadrilha, incluindo o pagamento dos integrantes, a comunicação com os fornecedores da droga e o contato com os colaboradores infiltrados no aeroporto.

A ação faz parte da Operação Last Call, que teve como objetivo capturar o último investigado em liberdade após quatro fases anteriores da chamada Operação Colateral, deflagrada em 2023. O grupo é o mesmo que orquestrou o envio de 40 kg de cocaína à Europa, utilizando malas com etiquetas trocadas, o que acabou levando à prisão equivocada de Jeanne Paolline e Kátyna Baía, duas turistas de Goiânia que faziam conexão em Frankfurt.

Luxo incompatível com renda

Na residência do suspeito, a PF encontrou R$ 12 mil em espécie, guardados em uma caixa. Ele alegou que o valor pertencia ao sogro e que recebia apenas R$ 2 mil mensais como funcionário de uma empresa de transportes. No entanto, os bens encontrados levantaram suspeitas de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, práticas comuns em organizações criminosas ligadas ao tráfico internacional.

Além do dinheiro, a polícia também localizou garrafas de uísque com preços superiores a R$ 1 mil cada, o que reforça as suspeitas sobre o uso de recursos obtidos por meio de atividades ilícitas.

Quadrilha já havia sido parcialmente desmantelada

Desde 2023, pelo menos 16 pessoas foram presas em operações anteriores ligadas ao mesmo esquema criminoso. A Justiça de São Paulo já condenou seis integrantes, com penas que variam de 7 a 39 anos de prisão por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e uso de informações privilegiadas.

A quadrilha operava com o apoio de funcionários terceirizados do aeroporto, que tinham acesso às áreas restritas de bagagem. Eles trocavam etiquetas originais por outras ligadas a malas contendo drogas, sem que os passageiros legítimos soubessem.

De acordo com a investigação, parte dos envolvidos atuava em empresas prestadoras de serviço dentro do terminal, sendo encarregados de aliciar colegas para viabilizar o esquema.

Brasileiras presas por engano

O caso ganhou grande repercussão em março de 2023, quando Jeanne Paolline e Kátyna Baía foram presas em Frankfurt, na Alemanha, após a polícia local encontrar duas malas com 20 kg de cocaína cada, despachadas com os nomes delas. No entanto, imagens das câmeras de segurança mostraram que as malas com droga foram levadas por outras pessoas ao terminal de Guarulhos.

A PF concluiu que as brasileiras eram vítimas inocentes de uma operação criminosa sofisticada. Elas permaneceram 38 dias presas no exterior, até que as provas de sua inocência fossem reconhecidas.

Posteriormente, outras remessas de droga com o mesmo modus operandi foram identificadas nos aeroportos de Lisboa e Paris, somando 86 kg de cocaína enviados à Europa entre outubro de 2022 e março de 2023, utilizando o mesmo método de troca de etiquetas de bagagens.

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