Brasil pode enfrentar taxa de até 500% nos EUA por compra de petróleo da Rússia

Medida bipartidária busca pressionar países que financiam Putin e pode afetar diretamente exportações brasileiras de energia.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA

Um projeto de lei articulado por parlamentares Democratas e Republicanos nos Estados Unidos pode abrir uma nova frente de pressão econômica contra quem ainda negocia com a Rússia. A proposta pretende sobretaxar em até 500% produtos vindos de países que seguem importando petróleo, gás ou urânio russos.

O Brasil aparece no centro dessa discussão. O senador republicano Lindsey Graham foi direto ao citar o país em uma recente entrevista à CBS News: “China, Índia e Brasil, vocês estão prestes a se prejudicarem muito se continuarem ajudando Putin”, disse ele. Em 2024, o Brasil gastou cerca de US$ 5,4 bilhões em diesel russo — uma cifra recorde, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Em declarações fortes, Graham também reforçou que a nova tarifa seria uma forma de conter a máquina de guerra russa. “Estamos perseguindo as pessoas que mantêm Putin nos negócios e impondo sanções adicionais à própria Rússia. Esse é o dinheiro que Putin usou para prosseguir com a guerra”, completou o senador.

Além da sobretaxa, parlamentares estudam liberar o uso de bilhões de dólares em ativos russos congelados pelas autoridades americanas. A ideia é canalizar esses recursos para ajudar diretamente a Ucrânia, algo sem precedentes, já que nunca um governo dos EUA confiscou reservas de um banco central estrangeiro sem uma guerra declarada.

No cenário diplomático, a relação entre Estados Unidos e Ucrânia segue firme. Em Kiev, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recebeu o enviado especial Keith Kellogg para tratar de novos apoios militares e sanções. Na ocasião, agradeceu diretamente ao republicano. “Sou grato ao Presidente Trump pelos importantes sinais de apoio e pelas decisões positivas para ambos os nossos países”, escreveu Zelensky em uma rede social.

Já Trump, por sua vez, sinalizou que continuará enviando ajuda defensiva à Ucrânia. Em um anúncio recente, o presidente americano revelou que os EUA fornecerão sistemas de mísseis Patriot, em acordo de reembolso com a União Europeia, que aprovou um novo pacote de reconstrução. “Enviaremos Patriots, dos quais eles precisam desesperadamente, porque Putin realmente surpreendeu muita gente. Ele fala bonito e depois bombardeia todo mundo à noite. Mas há um probleminha aí. Eu não gosto disso”, disse Trump.

Na mesma linha, Zelensky informou que o encontro com Kellogg também discutiu a ampliação da defesa aérea em parceria com a Europa. “Discutimos o caminho para a paz e o que podemos fazer juntos, na prática, para aproximá-la. Isso inclui o fortalecimento da defesa aérea da Ucrânia, a produção conjunta e a aquisição de armas de defesa em colaboração com a Europa. E, claro, sanções contra a Rússia e aqueles que a ajudam. Esperamos a liderança dos EUA, pois é evidente que Moscou não se deterá a menos que suas ambições irracionais sejam contidas pela força”, publicou.

Com esse pacote de medidas, o Congresso americano quer minar o fluxo de recursos que sustenta Moscou e forçar Putin a negociar. A Casa Branca, por sua vez, avalia como viabilizar o projeto sem provocar tensões comerciais desnecessárias com parceiros estratégicos como o Brasil.

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