Brasil poderá adotar injeção semestral para prevenir o HIV, recomenda OMS

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Organização Mundial da Saúde anuncia novas diretrizes e destaca o lenacapavir como opção eficaz e de longa duração na profilaxia contra o vírus; uso poderá beneficiar populações mais vulneráveis.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

Durante a 13ª Conferência da Sociedade Internacional de Aids sobre Ciência do HIV (IAS 2025), realizada entre os dias 13 e 17 de julho em Kigali, Ruanda, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou uma recomendação inovadora: o uso do medicamento injetável lenacapavir (LEN) como profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV. Com aplicação apenas duas vezes ao ano, o fármaco representa uma nova alternativa para prevenir infecções pelo vírus causador da Aids.

A recomendação foi destacada como um avanço significativo na luta global contra a epidemia de HIV, especialmente entre populações mais vulneráveis e que enfrentam dificuldades de adesão a tratamentos diários. Segundo a OMS, o lenacapavir demonstrou altíssima eficácia em ensaios clínicos, prevenindo praticamente todas as infecções por HIV entre pessoas em risco.

Alternativa à PrEP oral

Até então, a profilaxia contra o HIV era amplamente realizada com o uso de medicamentos orais diários, como o tenofovir e a emtricitabina. Com o lenacapavir, surge uma opção injetável de longa duração, que pode aumentar significativamente a adesão à prevenção, especialmente em comunidades com acesso limitado a serviços de saúde, ou onde o estigma dificulta o uso de medicamentos de uso contínuo.

A agência de saúde das Nações Unidas classifica o avanço como um “passo transformador”, sobretudo para grupos-chave, como:

  • profissionais do sexo,

  • homens homossexuais,

  • pessoas trans,

  • usuários de drogas injetáveis,

  • detentos e jovens em contextos de vulnerabilidade.

Nova abordagem para o teste e distribuição

Junto à recomendação do lenacapavir, a OMS também atualizou suas diretrizes sobre o acesso à testagem rápida de HIV, eliminando etapas laboratoriais complexas para facilitar a distribuição comunitária dos medicamentos. O objetivo é ampliar o acesso por meio de farmácias, clínicas, postos móveis e telemedicina, inclusive em locais com infraestrutura limitada.

Além do lenacapavir, a agência mantém como alternativa eficaz o uso do cabotegravir (CAB-LA), outro injetável de longa ação que já vinha sendo recomendado para PrEP em alguns países.

Diretrizes ampliadas também para pessoas que vivem com HIV

A OMS aproveitou a conferência para divulgar novas recomendações que impactam diretamente o tratamento contínuo de pessoas já vivendo com o HIV. Agora, a agência reconhece o uso de cabotegravir e rilpivirina injetáveis (CAB/RPV) como uma alternativa segura para substituir o tratamento oral diário em adultos e adolescentes que atingiram a supressão viral e não têm infecção ativa por hepatite B.

A proposta visa melhorar a qualidade de vida e reduzir o abandono do tratamento, promovendo maior conforto e autonomia aos pacientes.

Abordagem integrada da saúde

As atualizações da OMS também incentivam a integração dos serviços de HIV com o acompanhamento de outras doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, depressão, ansiedade e transtornos relacionados ao uso de álcool. A ideia é oferecer um cuidado mais amplo e coordenado, com foco em saúde integral.

No caso de pacientes com HIV que venham a contrair mpox (anteriormente conhecida como varíola dos macacos), a OMS recomenda o início imediato da terapia antirretroviral (TARV), caso estejam sem tratamento ou tenham sofrido interrupção prolongada. Também sugere a realização de testes rápidos de HIV e sífilis para todos os indivíduos com suspeita ou confirmação de mpox.

Contexto global

Apesar dos avanços no tratamento e prevenção, o HIV continua sendo uma das principais preocupações globais em saúde pública. Estima-se que, até o final de 2024, 40,8 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo. Desse total, cerca de 65% estão na África, região mais afetada pela epidemia. Ainda segundo a OMS, aproximadamente 630 mil pessoas morreram de causas relacionadas ao HIV no último ano, e 1,3 milhão de novas infecções foram registradas, incluindo 120 mil crianças.

O acesso ao tratamento vem crescendo gradualmente. Em 2024, cerca de 31,6 milhões de pessoas estavam recebendo TARV, número superior ao de 2023, quando o total era de 30,3 milhões.

Chamado à ação

A diretora de Programas Globais de HIV, Hepatite e IST da OMS, Dra. Meg Doherty, reforçou que a comunidade internacional já possui as ferramentas necessárias para erradicar a Aids como problema de saúde pública. No entanto, segundo ela, é fundamental que os países ajam com rapidez e compromisso para implementar as novas diretrizes com base em equidade, evidências científicas e participação comunitária.

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