Operação nacional já identificou empresários, servidores afastados e prejuízo estimado em mais de R$ 6 bilhões aos cofres públicos.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
A Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), segue avançando nas investigações da Operação Sem Desconto, que visa desmantelar um amplo esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desde o início da operação, em 23 de abril, as autoridades já deflagraram cinco fases, que resultaram em prisões, sequestro de bens e apreensão de provas em larga escala.
Até o momento, oito pessoas foram presas, todas ligadas a entidades privadas — majoritariamente empresários — com atuação direta junto ao INSS por meio de associações que já foram descredenciadas. As detenções ocorreram nos estados do Ceará e Sergipe, sendo que os investigados são apontados como os principais articuladores das fraudes.
Fraude sistemática e acesso privilegiado
As investigações revelam que dados de aposentados e pensionistas eram manipulados em massa, sem autorização dos beneficiários, para inclusão de descontos indevidos. O esquema se sustentava por meio do acesso privilegiado de milhares de servidores, que alimentavam os sistemas com informações falsas a favor de associações e instituições financeiras.
Após auditorias internas, mais de 3 mil acessos de servidores foram bloqueados por determinação do presidente do INSS, Gilberto Waller Junior. Atualmente, apenas seis pessoas têm permissão para manipular os dados sensíveis. A medida visa conter o vazamento de informações, que vinha sendo utilizado por entidades com fins lucrativos.
Escala nacional e bens bloqueados
As ações da Polícia Federal já alcançaram 13 estados e o Distrito Federal, com o cumprimento de mais de 200 mandados judiciais. Além das prisões, os agentes também apreenderam veículos de luxo e determinaram o sequestro de bens imóveis no valor de mais de R$ 1 bilhão. Somente em uma das etapas, cinco imóveis avaliados em R$ 12 milhões foram congelados judicialmente.
Segundo estimativas das autoridades, o esquema fraudulento causou prejuízo superior a R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos ao longo de cinco anos.
Novas fases previstas
Os investigadores afirmam que novas fases da operação já estão sendo preparadas, com base na análise de documentos, celulares e equipamentos apreendidos. Parte do material ainda está sob perícia, e há expectativa de novos mandados de prisão e denúncias formais contra servidores e representantes das entidades envolvidas.
Enquanto isso, processos administrativos e disciplinares seguem em andamento dentro do INSS para responsabilizar os funcionários que colaboraram com o esquema.
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