Brasil propõe construção do 1º hospital inteligente do SUS com apoio do banco do BRICS

Projeto inovador visa transformar o cuidado público com uso de inteligência artificial, 5G e arquitetura sustentável; unidade será instalada em São Paulo com financiamento de US$ 320 milhões.

Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

O Ministério da Saúde deu um passo importante rumo à digitalização e modernização do Sistema Único de Saúde (SUS) ao apresentar nesta segunda-feira (7) o projeto para a construção do primeiro hospital inteligente do Brasil, que será também o primeiro da rede pública com esse perfil tecnológico. A proposta foi entregue ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como banco do BRICS, com solicitação de financiamento no valor de US$ 320 milhões.

A entrega foi feita pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, à presidenta do NDB, Dilma Rousseff, em São Paulo. O financiamento já foi aprovado pela Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento, e agora segue para análise final do banco multilateral.

“É um projeto que posiciona o Brasil na vanguarda da saúde digital. O hospital inteligente será um centro de excelência, inspirado nas experiências chinesas, e com aplicação de inteligência artificial, telessaúde e tecnologias emergentes voltadas ao cuidado e à gestão eficiente”, afirmou Padilha.

Parceria internacional e tecnologia de ponta

O futuro Instituto Tecnológico de Medicina Inteligente (ITMI-Brasil) será construído em São Paulo, no complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde e a Universidade de São Paulo (USP). O instituto integrará conhecimentos médicos e tecnológicos de países como China, Índia, África do Sul e Rússia, membros do BRICS, além de parcerias com outras nações.

A estrutura contará com 150 mil metros quadrados, sendo projetada com base em padrões internacionais de sustentabilidade, segurança, logística hospitalar e humanização. O prédio também será preparado para emergências como desastres e pandemias, incorporando soluções de otimização energética e ambientes acolhedores.

Entre as principais inovações esperadas estão:

Prontuário eletrônico integrado
Sistemas preditivos para regulação de leitos
Ambulâncias conectadas via 5G
Automação hospitalar com IA
Atendimento remoto e telessaúde
Gestão inteligente de fluxo de pacientes

Primeira etapa incluirá 10 UTIs inteligentes no país

Além da construção do hospital inteligente, os recursos do financiamento serão usados para estruturar uma rede nacional de UTIs inteligentes. Inicialmente, 10 unidades de terapia intensiva do SUS receberão investimento em infraestrutura digital e tecnologia assistencial.

O objetivo é ampliar a qualidade do atendimento intensivo, com sistemas conectados, monitoramento remoto, redução de riscos e eficiência na gestão hospitalar.

“A inteligência artificial será incorporada desde o diagnóstico até o gerenciamento de leitos. Esse projeto fortalece a saúde pública com inovação e também impulsiona o setor tecnológico nacional”, destacou Padilha.

Cooperação estratégica com o BRICS

O projeto tem forte viés de internacionalização, com previsão de intercâmbio de conhecimento entre profissionais da saúde, engenheiros, pesquisadores e gestores dos países membros do NDB. A proposta é que o ITMI-Brasil funcione também como centro de pesquisa e inovação, conectando a saúde com os setores industrial e científico.

A governança do projeto será coordenada por um Grupo de Trabalho interministerial, responsável por garantir a implementação e o alinhamento com políticas públicas de desenvolvimento, ensino e ciência.

Próximos passos

Com o envio formal do projeto ao NDB, a expectativa é que a análise financeira e técnica avance nas próximas semanas. Caso aprovado, o repasse de recursos poderá ser iniciado ainda em 2025.

A iniciativa coloca o Brasil em posição estratégica no campo da medicina digital pública, sendo pioneiro na construção de um hospital 100% inteligente dentro de um sistema universal de saúde.