Corantes artificiais e ultraprocessados estão ligados a sintomas de hiperatividade e desatenção em crianças, apontam estudos

Foto: internet
Pesquisas sugerem que padrões alimentares ricos em aditivos e alimentos industrializados podem agravar sintomas típicos do TDAH e reacendem o debate sobre o diagnóstico e as causas do transtorno.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

A relação entre alimentação e comportamento infantil volta ao centro do debate científico. Diversos estudos recentes apontam que o consumo de corantes artificiais e alimentos ultraprocessados pode estar associado ao aumento de sintomas como hiperatividade, impulsividade e dificuldade de atenção em crianças e adolescentes. As descobertas, embora não estabeleçam causalidade direta, levantam questionamentos sobre os possíveis fatores ambientais que influenciam o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), condição que afeta milhões de crianças em todo o mundo.

Um dos estudos mais citados sobre o tema foi publicado pela The Lancet em 2007. A pesquisa analisou o comportamento de crianças expostas a uma mistura de corantes artificiais e conservantes como o benzoato de sódio. Os resultados indicaram um aumento moderado da hiperatividade em parte das crianças avaliadas, especialmente segundo a observação dos pais. Apesar de críticas quanto à metodologia, o estudo serviu como base para que países da União Europeia passassem a exigir advertências em produtos contendo esses aditivos.

Revisões feitas por órgãos reguladores, como a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), concluíram que a maioria das crianças não apresenta reações adversas significativas aos corantes. No entanto, reconhecem que uma parcela sensível da população pode apresentar piora em sintomas comportamentais com a ingestão desses aditivos.

Outro ponto de preocupação crescente está nos alimentos ultraprocessados – como refrigerantes, salgadinhos, bolachas recheadas e refeições prontas. Um estudo brasileiro de coorte, publicado na revista Revista de Saúde Pública, acompanhou crianças dos 3 aos 15 anos e identificou que aquelas com maior consumo de ultraprocessados na infância apresentaram mais sintomas de hiperatividade e desatenção na adolescência.

“Esses alimentos são ricos em açúcares simples, gorduras saturadas, aditivos artificiais e pobres em nutrientes essenciais ao desenvolvimento cerebral, como ferro, zinco e ômega-3”, explica a neurocientista Carla Magalhães, especialista em nutrição e comportamento infantil. “Embora ainda não possamos afirmar que causam TDAH, já sabemos que contribuem negativamente para a saúde mental e o desempenho cognitivo”, complementa.

Uma revisão publicada no Journal of Attention Disorders também reforça essa associação: crianças com dietas ricas em alimentos processados têm um risco 41% maior de apresentar sintomas de TDAH, enquanto aquelas com alimentação saudável — baseada em frutas, verduras e grãos integrais — têm risco 35% menor.

Apesar dos avanços, especialistas ressaltam que o TDAH é um transtorno neurobiológico complexo, com forte componente genético, e que não deve ser confundido com comportamentos passageiros ou causados unicamente pela alimentação. “Não é qualquer criança agitada que tem TDAH, nem todo sintoma é provocado por dieta. Mas há indícios suficientes para que pais, médicos e educadores estejam atentos aos hábitos alimentares”, afirma o neuropediatra Dr. Fábio Oliveira.

O debate reacende a importância de uma abordagem mais integrada no diagnóstico e tratamento do TDAH, considerando tanto os aspectos clínicos quanto o estilo de vida da criança. Para alguns pacientes, mudanças na alimentação — como a eliminação de corantes e a redução de alimentos ultraprocessados — podem funcionar como estratégia complementar ao tratamento medicamentoso e terapêutico.

Enquanto a ciência segue investigando os mecanismos por trás dessas associações, cresce o apelo para políticas públicas que incentivem a alimentação saudável desde a infância, não apenas como forma de prevenção a doenças físicas, mas também como promotora de saúde mental.

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