Dois homens são infectados por parasita após transplante de rim nos EUA

Órgãos transplantados haviam sido doados por um único doador; casos de infecção decorrentes de transplante são raros, afirmam especialistas.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA

 

Um relatório médico recente revelou que dois homens desenvolveram infecções parasitárias raras após receberem rins doados por um mesmo doador caribenho. O caso, ocorrido nos Estados Unidos, foi publicado em 18 de junho e destaca os riscos pouco comuns — mas possíveis — de transmissão de doenças por meio de transplantes de órgãos.

O primeiro paciente, de 61 anos, foi operado no Massachusetts General Hospital (MassGen). Cerca de dez semanas após o procedimento, ele apresentou uma série de sintomas preocupantes: náuseas, vômitos, sede excessiva, dor abdominal, febre e dificuldade respiratória. O quadro evoluiu rapidamente para falência respiratória e choque hipovolêmico — uma queda perigosa da pressão arterial — exigindo internação na UTI.

Durante a avaliação clínica, os médicos notaram uma erupção roxa no abdômen, semelhante a hematomas. A investigação então se aprofundou. Por estar sob medicação imunossupressora, usada para evitar rejeição do novo rim, o paciente estava mais vulnerável a infecções.

Sem resposta a antibióticos ou antivirais e com testes negativos para COVID-19, a equipe começou a considerar uma origem parasitária. A confirmação veio com a elevação nos níveis de eosinófilos — células que geralmente aumentam diante de infecções parasitárias.

O infectologista Dr. Camille Kotton se lembrou de casos anteriores relacionados ao verme Strongyloides stercoralis e solicitou testes no sangue do doador, já falecido. O exame detectou anticorpos contra o parasita, indicando infecção prévia. Já o paciente transplantado só desenvolveu os anticorpos após o procedimento, o que apontava para a transmissão via transplante.

Os vermes foram encontrados no abdômen, pulmões e pele do paciente. Ele foi tratado com ivermectina, um potente antiparasitário, administrado de forma especial — diretamente sob a pele — para combater a infecção generalizada. O tratamento teve sucesso, e o paciente se recuperou.

Outro caso ligado ao mesmo doador

Graças à troca de informações entre centros de saúde, um segundo caso foi identificado. Um homem de 66 anos, transplantado no Albany Medical Center com o outro rim do mesmo doador, apresentava fadiga, redução dos glóbulos brancos e comprometimento da função renal. Com o alerta do MassGen, ele também foi diagnosticado e tratado a tempo com sucesso.

“Transplantes salvam vidas. Em casos raros como esse, a comunicação rápida entre hospitais e a atuação de infectologistas foram cruciais”, afirmou um porta-voz do Albany Medical Center.

Casos são raros, mas preocupam

Infecções transmitidas por transplantes são extremamente incomuns. Estimativas apontam que apenas 14 em cada 10.000 transplantes nos EUA, ao longo da última década, resultaram em infecções do tipo. Órgãos doados passam por uma rigorosa triagem, mas nem todos os parasitas podem ser detectados facilmente.

O Strongyloides stercoralis, por exemplo, foi responsável por 42% das infecções parasitárias associadas a transplantes nos últimos anos. Até recentemente, menos de um quarto dos centros de transplante nos EUA realizavam triagens regulares para o verme. Em 2023, a Rede de Procura e Transplante de Órgãos passou a recomendar testagem universal para esse parasita.

 

 

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