Pesquisadores da Universidade do Colorado revelam que o substituto do açúcar pode comprometer a saúde vascular e aumentar o risco de acidente vascular cerebral.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O eritritol, adoçante amplamente utilizado em produtos voltados para o público que busca uma alimentação com baixo teor de açúcar, está sob os holofotes da comunidade científica após um novo estudo apontar seus possíveis efeitos adversos sobre o sistema cardiovascular. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade do Colorado Boulder, nos Estados Unidos, foi publicada na prestigiada revista Journal of Applied Physiology e repercutida em plataformas como ScienceDaily e Neuroscience News.
Presente em produtos como barras de proteína, balas diet, sorvetes e refrigerantes “zero”, o eritritol é um adoçante não calórico que até então era considerado seguro por órgãos como a Food and Drug Administration (FDA), equivalente à Anvisa nos EUA. No entanto, os resultados do novo estudo indicam que a substância pode afetar negativamente as células que revestem os vasos sanguíneos do cérebro, aumentando o risco de acidente vascular cerebral (AVC).
O que diz o estudo?
A pesquisa analisou células endoteliais humanas — aquelas que revestem os vasos sanguíneos — expostas a concentrações de eritritol semelhantes às encontradas em bebidas sem açúcar. Os cientistas observaram que essas células:
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Produziram menos óxido nítrico, composto essencial para o relaxamento dos vasos sanguíneos;
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Apresentaram níveis elevados de endotelina, que causa a contração dos vasos;
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Tiveram aumento da formação de radicais livres, substâncias que provocam inflamações e danos celulares;
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Mostraram redução na produção do t-PA, uma proteína natural que dissolve coágulos sanguíneos.
Em palavras simples, o consumo regular de eritritol pode tornar os vasos mais propensos à contração e menos eficazes na eliminação de coágulos — condições que favorecem o surgimento de AVC.
“Nossa pesquisa demonstra que o eritritol tem o potencial de afetar a função dos vasos cerebrais e aumentar o risco de acidente vascular cerebral”, explicou Dr. Auburn Berry, um dos coautores do estudo, em comunicado à imprensa da universidade.
Estudo reforça achados anteriores com milhares de pacientes
Este estudo se soma a evidências de uma pesquisa anterior de 2023, que analisou dados de mais de 4.000 pessoas nos EUA e na Europa. Os participantes com níveis elevados de eritritol no sangue apresentaram risco significativamente maior de eventos cardiovasculares graves nos três anos seguintes, incluindo AVC e infarto.
Reações da comunidade científica
Embora o eritritol ainda esteja aprovado para uso pela FDA e outras agências internacionais, os autores do estudo recomendam cautela, especialmente para pessoas com histórico de doenças cardiovasculares ou fatores de risco.
“É importante que consumidores estejam cientes do que consomem. Mesmo adoçantes considerados ‘naturais’ ou ‘seguros’ podem ter efeitos inesperados, especialmente em quantidades elevadas ou de forma crônica”, alertou o professor Christopher de Souza, coordenador da equipe de pesquisa.
E agora? O que o consumidor deve fazer?
O eritritol é encontrado facilmente em produtos rotulados como “zero açúcar”. Diante das descobertas, especialistas recomendam que os consumidores:
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Leiam os rótulos com atenção, especialmente se tiverem problemas cardiovasculares;
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Evitem o consumo excessivo de produtos ultraprocessados, mesmo que “sem açúcar”;
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Priorizem alimentos in natura ou minimamente processados como frutas, legumes, oleaginosas e grãos integrais.
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