
Número de famílias em situação crítica dobrou no último trimestre; mais de 20 mil crianças foram internadas por desnutrição aguda entre abril e julho, segundo relatório da ONU.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
A Faixa de Gaza vive hoje o pior cenário de fome do mundo, segundo a mais recente análise da Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), um mecanismo internacional composto por agências da ONU, organizações humanitárias e especialistas em nutrição. A crise, que já vinha se agravando há meses, atingiu um novo patamar de emergência, com registros alarmantes de desnutrição infantil, mortes por fome e colapso no acesso a itens essenciais.
Entre abril e meados de julho, mais de 20 mil crianças foram hospitalizadas com desnutrição aguda, sendo que mais de 3 mil apresentavam quadros graves, de acordo com o documento. Os hospitais de Gaza relataram um crescimento rápido no número de óbitos entre crianças com menos de cinco anos, atribuídos diretamente à fome.
Dobro de famílias em situação de fome extrema
O relatório do IPC, divulgado nesta segunda-feira (29), indica que a proporção de famílias enfrentando fome extrema dobrou entre maio e julho. Em muitas áreas da Faixa de Gaza, os indicadores superaram o limiar de fome estabelecido pela escala internacional de consumo alimentar — um sinal de que a população está sendo privada do mínimo necessário para a sobrevivência.
As causas apontadas incluem conflitos armados contínuos, deslocamento em massa, bloqueios no acesso a alimentos e insumos básicos e colapso dos serviços de saúde e saneamento.
Ofensiva militar e limitações à ajuda humanitária
A crise se intensificou após o início da ofensiva militar de Israel sobre Gaza, em outubro de 2023. A operação foi desencadeada após um ataque do grupo Hamas que matou cerca de 1.200 israelenses e resultou no sequestro de centenas de pessoas, muitas das quais permanecem em cativeiro.
Desde então, a região enfrenta bloqueios severos que impedem o fluxo regular de ajuda humanitária. No último domingo (27), o Exército israelense anunciou pausas limitadas nos combates para permitir a entrada de suprimentos. No entanto, agências humanitárias afirmam que a quantidade liberada está muito aquém do necessário para conter a fome generalizada.
Análise urgente
Diante da gravidade dos dados mais recentes, o IPC prometeu realizar uma nova análise emergencial da situação, sem atrasos. A expectativa é que o novo relatório confirme o avanço da crise para um estágio ainda mais crítico e sirva de base para mobilização internacional imediata.
“O cenário em Gaza é de catástrofe alimentar. Estamos diante de provas crescentes de desnutrição em massa, doenças associadas à fome e aumento de mortes evitáveis”, destaca o documento.
Cidade de Gaza em colapso nutricional
A situação mais dramática foi registrada na Cidade de Gaza, onde os níveis de desnutrição ultrapassaram o limite estabelecido para declarar um quadro de fome generalizada. A aceleração do agravamento nutricional foi especialmente acentuada na primeira quinzena de julho.
Entidades internacionais reforçam que sem um cessar-fogo sustentado e acesso irrestrito da ajuda humanitária, será impossível reverter os danos já causados ou evitar uma tragédia ainda maior.
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