Paciente com paralisia há 20 anos consegue escrever com a mente graças a chip experimental da Neuralink; avanço pode revolucionar a reabilitação neurológica.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Paralisada desde os 16 anos, Audrey Crews acaba de realizar o que parecia impossível: escrever seu próprio nome em um computador utilizando apenas o pensamento. Aos 36 anos, ela se tornou a primeira mulher a testar oficialmente o implante cerebral experimental da Neuralink, empresa fundada por Elon Musk, e emocionou o mundo ao compartilhar a imagem das letras roxas de seu nome surgindo na tela, digitadas unicamente por comandos neurais.
A façanha representa um marco inédito no avanço das chamadas interfaces cérebro-computador (BCI, na sigla em inglês) — tecnologias capazes de interpretar impulsos cerebrais e transformá-los em comandos digitais.
A mulher que escreveu com a mente
Identificada como “P9” no estudo clínico PRIME, Audrey teve o chip implantado na região motora de seu cérebro em uma cirurgia realizada no centro médico da Universidade de Miami. O objetivo: reconectar suas intenções motoras à realidade, mesmo que seu corpo não obedeça mais.
“Esse implante não vai me fazer andar de novo. Ele é apenas para telepatia digital”, declarou Audrey, consciente das limitações da tecnologia atual — mas otimista com o que ela representa.
Por “telepatia digital”, entende-se a capacidade de interagir com dispositivos eletrônicos sem o uso do corpo físico. A movimentação de um cursor, a digitação de palavras ou a escolha de comandos são controladas exclusivamente pela mente — ou, mais precisamente, pelos sinais elétricos produzidos pelas intenções do cérebro.
Como funciona o chip da Neuralink
O implante é minúsculo, do tamanho de uma moeda, e foi inserido cirurgicamente no crânio de Audrey. Nele estão conectados 128 fios ultrafinos, que funcionam como sensores. Esses fios são implantados diretamente na área do cérebro que controla os movimentos voluntários e captam os sinais neurais enviados quando Audrey “pensa em mover” alguma parte do corpo.
O sistema então interpreta esses sinais e os converte em comandos digitais. O resultado? Audrey, que não movimenta os membros há duas décadas, consegue controlar o computador apenas com a força do pensamento.
Elon Musk e a reação pública
A publicação de Audrey rapidamente viralizou nas redes sociais. O próprio Elon Musk compartilhou sua empolgação:
“Ela está controlando o computador só com o pensamento. A maioria das pessoas nem imagina que isso é possível”, escreveu o bilionário no X (antigo Twitter).
Apesar de estar em fase experimental, o avanço representa um passo concreto para a real aplicação da neurotecnologia no cotidiano de pessoas com limitações físicas severas.
Outros voluntários também relatam avanços
Audrey não está sozinha nesse experimento. Poucos dias após seu caso se tornar público, outro participante do estudo, Nick Wray, identificado como “P8”, compartilhou sua própria experiência com o chip da Neuralink. Diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), Nick afirmou ter recuperado uma forma de autonomia digital que não experimentava havia anos.
“É uma honra ser um pioneiro. Para mim, participar disso é maior que a doença”, declarou, emocionado. Fã de ficção científica, ele vê no projeto algo que até pouco tempo atrás era exclusivo da imaginação.
Uma nova era de interação mente-máquina
Ainda é cedo para dizer quando a tecnologia da Neuralink estará disponível comercialmente. Os testes clínicos continuam e os desafios técnicos e éticos ainda são inúmeros. No entanto, a conquista de Audrey e Nick abre uma nova fronteira para a ciência — aproximando a neurotecnologia da vida real e reacendendo o debate sobre autonomia, inclusão e dignidade para pessoas com deficiência.
O feito também redefine a forma como percebemos a comunicação humana. Se antes era necessário um teclado ou voz, agora bastam os impulsos do cérebro para interagir com o mundo digital.
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