
Estudo da Universidade Duke identifica marcador que antecipa risco de declínio cognitivo e doenças como demência e Alzheimer.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Pesquisadores da Universidade Duke, nos Estados Unidos, desenvolveram uma tecnologia inovadora capaz de prever a velocidade com que o cérebro humano envelhece — e o mais impressionante: com base em apenas uma ressonância magnética. O estudo, publicado em 1º de julho de 2025 na respeitada revista Nature Aging, pode se tornar uma ferramenta revolucionária no diagnóstico precoce de doenças ligadas à idade, como demência e Alzheimer.
A pesquisa é uma continuidade do Estudo Dunedin, que acompanha, desde o nascimento, a saúde física, mental e social de mais de mil pessoas nascidas em 1972 e 1973, na Nova Zelândia. A nova métrica desenvolvida, chamada de DunedinPACNI (Dunedin Pace of Aging Calculated from NeuroImaging), foi criada a partir da análise de 315 características cerebrais observadas em exames de ressonância magnética feitos quando os participantes tinham 45 anos.
Os dados foram correlacionados com informações anteriores do mesmo grupo, permitindo aos cientistas determinar uma espécie de “relógio cerebral” — uma medida individual da velocidade de envelhecimento, com precisão semelhante à das análises baseadas na metilação do DNA (como o DunedinPACE, já validado anteriormente).
Predição de risco e declínio cognitivo
Segundo os autores, pontuações elevadas no DunedinPACNI foram associadas a pior desempenho físico, envelhecimento facial mais acentuado, menor equilíbrio e força muscular, além de sinais mais rápidos de declínio cognitivo.
Para testar se o método funcionaria fora do grupo original, os pesquisadores aplicaram o modelo em exames cerebrais de mais de 50 mil pessoas, incluindo participantes do UK Biobank, do Estudo de Neuroimagem da Doença de Alzheimer (ADNI) e do consórcio BrainLat, da América Latina. Os resultados confirmaram a utilidade da ferramenta: ela conseguiu prever, com alta confiabilidade, riscos elevados de atrofia cerebral, comprometimento cognitivo, demência e até maior mortalidade.
Ferramenta promissora, mas ainda fora da prática clínica
Apesar do avanço, a técnica ainda não está disponível no atendimento clínico de rotina. No entanto, os pesquisadores acreditam que ela pode, em breve, auxiliar o monitoramento personalizado do envelhecimento e orientar intervenções preventivas antes que os primeiros sintomas apareçam.
“O mais interessante é que conseguimos medir o envelhecimento com dados colhidos na meia-idade e usá-los para prever diagnósticos de demência em idades muito mais avançadas”, afirmou Ahmad Hariri, professor do Departamento de Psicologia e Neurociência da Universidade Duke, em nota oficial. “Acreditamos que essa pode ser uma ferramenta poderosa para antecipar doenças relacionadas à idade.”
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