Superávit dos EUA com o Brasil dispara 500% e alcança US$ 1,7 bi no 1º semestre

Foto: Reprodução.
Alta histórica ocorre em meio ao novo pacote tarifário imposto por Donald Trump; setores estratégicos brasileiros já sentem os efeitos.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA

O superávit comercial dos Estados Unidos em relação ao Brasil atingiu US$ 1,7 bilhão no primeiro semestre de 2025,  uma alta de impressionantes 500% em comparação ao mesmo período de 2024.

Os dados foram divulgados na última quinta-feira (11) pela Amcham Brasil e refletem os impactos do novo pacote tarifário implementado pelo presidente Donald Trump, em vigor desde abril, quando foi decretado o chamado “Dia da Libertação”.

Apesar do crescimento de 7,7% na corrente de comércio bilateral, que somou US$ 41,7 bilhões (o segundo maior valor já registrado), o relatório aponta efeitos negativos crescentes das tarifas sobre setores estratégicos das exportações brasileiras.

Exportações resistem, mas enfrentam pressão

As exportações do Brasil para os EUA somaram US$ 20 bilhões no semestre,  alta de 4,4% em relação ao ano anterior, mesmo diante de um cenário global mais adverso.

A performance superou a queda nas vendas brasileiras para o resto do mundo (-0,6%), bem como para parceiros como China (-7,5%) e União Europeia (+2,6%). Entre os principais destinos, apenas a Argentina teve desempenho melhor (+55,4%), impulsionada pela recuperação econômica do país.

Entre os principais produtos exportados para os EUA estão:

  • Óleos brutos de petróleo
  • Produtos semiacabados de ferro ou aço
  • Café não torrado
  • Aeronaves
  • Ferro-gusa
  • Óleos combustíveis
  • Carne bovina
  • Sucos de frutas
  • Celulose
  • Equipamentos de engenharia civil

O destaque continua sendo os bens industriais, que somaram US$ 16 bilhões e reforçaram os EUA como o principal destino dessas exportações brasileiras.

Importações crescem ainda mais

As importações brasileiras de produtos norte-americanos totalizaram US$ 21,7 bilhões, um crescimento de 11,5% (ou US$ 2,2 bilhões a mais) em relação ao primeiro semestre de 2024. O aumento superou o crescimento das importações do Brasil como um todo (+8,3%) e de blocos econômicos como a União Europeia (+4,4%) e o Mercosul (-0,9%).

Os produtos mais importados dos EUA incluem:

  • Motores e máquinas não elétricos
  • Óleos combustíveis
  • Aeronaves
  • Óleos brutos de petróleo
  • Polímeros de etileno
  • Carvão
  • Medicamentos e produtos farmacêuticos
  • Instrumentos de medição
  • Inseticidas

O crescimento foi puxado principalmente pelos bens industriais, com alta de 15,2%.

Tarifas já afetam setores estratégicos

Segundo a Amcham, embora o volume total exportado tenha aumentado, diversos setores estratégicos já sentem os efeitos das tarifas impostas pelos EUA. Dos dez principais produtos com queda nas vendas para o mercado norte-americano, oito estão diretamente sujeitos às novas alíquotas.

As maiores quedas ocorreram em:

  • Celulose (-14,9%)
  • Motores (-7,6%)
  • Máquinas e equipamentos (-23,6%)
  • Manufaturas de madeira (-14,0%)
  • Autopeças (-5,6%)

Tarifa de 50% entra em vigor em agosto

Na quarta-feira (9), Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras, com início previsto para 1º de agosto. O anúncio foi feito por meio de uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada na rede Truth Social.

Na mensagem, Trump justificou a medida com base em alegações de “relação comercial injusta” e críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) por sua atuação em processos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A medida causou forte reação no setor produtivo brasileiro, que teme prejuízos e tem pressionado por diálogo com o governo dos EUA.

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