
Secretário de Estado dos EUA cita censura e perseguição política como motivo para sanção inédita.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
O governo dos EUA decidiu cancelar o visto de entrada do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), além de estender a medida a seus aliados na Corte e familiares próximos.
A informação foi confirmada na noite da última sexta-feira (18) pelo Secretário de Estado, Marco Rubio. O anúncio ocorre poucas horas depois de Moraes impor uma série de restrições judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo busca e apreensão em sua residência, tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno, bloqueio de quantias em espécie e suspensão de suas redes sociais.
A decisão foi justificada como resposta a ações que, segundo o governo Trump, ultrapassaram limites aceitáveis de liberdade democrática. “O presidente Trump deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos. A caça às bruxas política do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, afirmou Marco Rubio em publicação feita no X (antigo Twitter).
Na sequência, Rubio foi enfático ao detalhar o alcance da punição. “Portanto, ordenei a revogação dos vistos de Moraes e seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato.”
Até o momento, o Departamento de Estado não esclareceu quais ministros do STF são incluídos na definição de “aliados”. No entanto, é sabido que, na manhã da última sexta-feira, quatro integrantes da Primeira Turma do Supremo — Flávio Dino, Alessandro Zanin, Cármen Lúcia e o próprio Moraes — ratificaram as restrições impostas a Bolsonaro. O ministro Luiz Fux ainda não se pronunciou, mas deve apresentar seu voto até segunda-feira (21).
A ofensiva do governo Trump reforça a postura de defesa irrestrita à liberdade de expressão, ponto central do discurso republicano nos Estados Unidos. A atitude também é vista como respaldo direto ao lobby que Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, vem realizando em solo americano para denunciar o que considera perseguição política no Brasil.
Enquanto isso, Bolsonaro segue obrigado a cumprir restrições severas. Entre as medidas, está o uso de tornozeleira eletrônica, o recolhimento domiciliar das 19h às 7h durante a semana e o confinamento integral aos finais de semana. Além disso, foram apreendidos cerca de 14 mil dólares e 8 mil reais em espécie na residência do ex-presidente.
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