
Crescimento da poluição plástica ameaça a saúde humana, impacta ecossistemas marinhos e pode gerar prejuízos de até US$ 281 trilhões até 2040.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
A poluição por plástico atinge níveis alarmantes e acende um alerta global sobre os riscos à saúde humana e ambiental, enquanto representantes de dezenas de países se preparam para retomar as negociações rumo a um tratado internacional juridicamente vinculativo. O objetivo é conter o avanço do plástico, sobretudo nos oceanos, e mitigar seus impactos a longo prazo.
A segunda parte da 5ª sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação sobre Poluição Plástica (INC-5.2) será aberta em 5 de agosto, em Genebra, Suíça. A rodada de diálogos será marcada por reuniões regionais e consultas técnicas com especialistas em meio ambiente e saúde pública.
Consumo desenfreado e consequências globais
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), somente em 2024 foram consumidas mais de 500 milhões de toneladas de plástico, das quais 399 milhões viraram resíduos. Projeções indicam que o vazamento desses resíduos no meio ambiente pode aumentar em 50% até 2040.
Além do impacto ambiental devastador, cresce a preocupação com os efeitos dos microplásticos na saúde humana, que já foram detectados em água potável, alimentos, placentas humanas e até em tecidos do sistema respiratório.
“Estamos enfrentando uma crise ambiental que ameaça a saúde de comunidades inteiras e das futuras gerações. É urgente aprovar um tratado à altura da gravidade da situação”, afirmou Jyoti Mathur-Filipp, secretária executiva do INC.
Microplásticos e doenças crônicas
Estudos recentes apontam que os microplásticos podem desencadear inflamações, desequilíbrios hormonais, distúrbios metabólicos e até doenças neurodegenerativas. O contato constante com partículas plásticas — por ingestão, inalação ou contato dérmico — torna-se um novo desafio para os sistemas de saúde pública ao redor do mundo.
Além disso, plásticos descartados em oceanos contribuem para a proliferação de bactérias e vírus, funcionando como vetores e ameaçando a biodiversidade marinha — uma cadeia que repercute diretamente na saúde alimentar e nutricional das populações costeiras.
Custo da inação: trilhões em prejuízos
De acordo com estimativas do PNUMA, os danos cumulativos causados pela poluição plástica podem chegar a US$ 281 trilhões entre 2016 e 2040. Esse valor inclui impactos econômicos sobre a pesca, turismo, saúde pública e perda de biodiversidade.
Rumo a um tratado global
Desde sua criação em 2022, o Comitê Intergovernamental de Negociação realizou cinco sessões com o objetivo de criar um instrumento internacional vinculativo que regule todo o ciclo de vida do plástico — da produção ao descarte. Em 2025, a Assembleia da ONU para o Meio Ambiente reafirmou esse compromisso por meio da Resolução 5/14.
“A negociação precisa abranger todos os setores: indústria, governos, ciência e sociedade civil. A saúde do planeta e das pessoas está em jogo”, destacou Mathur-Filipp.
Com o aumento da conscientização sobre os perigos da poluição plástica, cresce também a expectativa de que o tratado possa ser finalizado até o início de 2026.
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