
Ministro tentou articulação por apoio unânime na Corte, mas foi isolado por colegas; resposta discreta e ausência em jantar com Lula evidenciaram desgaste interno.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Alexandre de Moraes tentou articular apoio entre os ministros do Supremo Tribunal Federal ao pressioná-los para assinarem uma carta em sua defesa, após ser sancionado pelos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky. Contudo, a maioria dos magistrados recusou o pedido, julgando impróprio contestar formalmente uma decisão do governo americano.
Diante da falta de consenso, a solução encontrada foi a divulgação de uma nota institucional assinada apenas pelo presidente da Corte, Roberto Barroso. O texto, em tom neutro, evitou citar os Estados Unidos, evidenciando o isolamento do ministro dentro do Supremo.
“Mais da metade dos 11 ministros do STF considerou impróprio fazer um documento assinado por todos para contestar uma decisão interna dos Estados Unidos.”
Na tentativa de criar uma imagem pública de respaldo institucional, o presidente Lula promoveu um jantar no Palácio da Alvorada, convidando os 11 ministros do Supremo. A proposta era repetir o gesto simbólico realizado após os atos de 8 de janeiro de 2023. Mas a ausência de cinco ministros escancarou o enfraquecimento do discurso de unidade.
O quórum do jantar foi de apenas 6 dos 11 ministros. Lula acabou conseguindo demonstrar de forma clara um racha dentro do STF.
Mesmo entre os que compareceram, o apoio não foi unânime. Edson Fachin, por exemplo, esteve presente por motivos formais, já que será o próximo presidente da Corte e terá Moraes como vice. Fontes internas apontam que ele agiu por cautela institucional, não por afinidade com a estratégia do ministro.
O incômodo no Supremo já vinha crescendo diante de decisões recentes de Moraes. Um dos pontos mais criticados entre os pares foi quando ele, ao determinar o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou no ar a ideia de que os Estados Unidos seriam “inimigos estrangeiros”.
“Esse tipo de linguajar foi considerado impróprio pela maioria dos ministros.”
Ao contrário do que esperava o Planalto, a sanção aplicada por Washington teve mais repercussão negativa para o ministro do que para os norte-americanos. A falta de adesão à carta e o esvaziamento do jantar demonstram que os EUA, sob Donald Trump, abalaram o centro de poder de Moraes no cenário político brasileiro.
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