Novo teste molecular de DNA-HPV começa a ser ofertado em 12 estados e substituirá gradualmente o exame Papanicolau até 2026.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O Ministério da Saúde iniciou, a implementação de um novo teste de biologia molecular DNA-HPV no Sistema Único de Saúde (SUS). A tecnologia, desenvolvida integralmente no Brasil, será utilizada para rastreamento do câncer do colo do útero e integra o programa Agora Tem Especialistas.
Inicialmente, o exame estará disponível em 12 estados — Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, além do Distrito Federal — e será expandido gradualmente até alcançar toda a rede pública de saúde do país até dezembro de 2026.
Diferente do Papanicolau, que identifica alterações celulares já em curso, o teste DNA-HPV detecta diretamente a presença do vírus causador da maioria dos casos de câncer do colo do útero. Ele identifica 14 genótipos do papilomavírus humano (HPV), inclusive em mulheres assintomáticas, permitindo diagnóstico precoce e maior chance de cura.
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil registra cerca de 17 mil novos casos de câncer de colo do útero por ano, com taxa de incidência de 15 casos a cada 100 mil mulheres. A doença ainda é uma das que mais atingem mulheres em regiões como o Nordeste, sendo responsável por aproximadamente 20 mortes por dia.
O novo exame apresenta maior sensibilidade diagnóstica e intervalos mais longos entre coletas. Enquanto o Papanicolau precisa ser repetido a cada três anos, o DNA-HPV poderá ser feito a cada cinco anos quando o resultado for negativo. Além disso, elimina a necessidade de nova coleta em caso de resultado inconclusivo, já que a mesma amostra pode ser utilizada em análises complementares.
O método, produzido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (Fiocruz), também contribui para reduzir custos e agilizar diagnósticos. O Ministério da Saúde prevê que 5,6 milhões de mulheres sejam atendidas nos próximos cinco anos, ampliando o rastreamento organizado e equitativo, inclusive em áreas remotas.
A implementação será realizada com apoio das equipes de Saúde da Família e dos Agentes Comunitários de Saúde, responsáveis por identificar mulheres de 25 a 64 anos que estão sem acompanhamento ginecológico ou que nunca realizaram o exame.
Outra inovação é a possibilidade de autocoleta do material ginecológico para mulheres em situação de vulnerabilidade social ou que apresentem dificuldade em realizar o exame em ambiente clínico. A coleta poderá ser feita em casa e entregue nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
O programa Agora Tem Especialistas também prevê suporte diagnóstico por meio do Super Centro para Diagnóstico do Câncer, que utiliza telepatologia e laudos a distância, reduzindo de 25 para cinco dias o tempo de análise de resultados.
Com a mudança, o Papanicolau não será extinto, mas passará a ser utilizado apenas para casos em que o teste DNA-HPV apresentar resultado positivo, funcionando como exame complementar.
- Leia mais:

Faça um comentário