Brasil pode ser alvo de tarifa de 500% nos EUA por manter laços com a Rússia

Projeto em tramitação no Senado norte-americano visa punir países que seguem comercializando petróleo e derivados com Moscou.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA

O Brasil pode enfrentar duras consequências econômicas se um novo projeto de lei que circula no Congresso dos Estados Unidos for aprovado. A proposta, chamada “Sanções à Rússia de 2025”, estabelece que países que continuarem negociando com Moscou — especialmente em setores energéticos — poderão ser penalizados com tarifas exorbitantes nas exportações destinadas ao mercado americano.

Entre os produtos visados, estão petróleo, gás natural, urânio e compostos petroquímicos. E o Brasil aparece como um dos principais afetados, já que mantém fortes laços comerciais com a Rússia. Dados da Federação Única dos Petroleiros (FUP) revelam que o país foi o segundo maior comprador de diesel russo em 2024, com operações que somam mais de R$ 38 bilhões. No setor agrícola, o cenário também é preocupante: aproximadamente 30% dos fertilizantes utilizados no Brasil são provenientes da Rússia, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

De acordo com o texto em tramitação, “o presidente deverá, não obstante qualquer outra disposição legal, aumentar a alíquota tarifária para todos os bens ou serviços importados para os Estados Unidos a partir de qualquer país que compre, forneça, transfira ou comercialize” os itens russos especificados. O objetivo da medida é pressionar o governo de Vladimir Putin a recuar na guerra contra a Ucrânia, utilizando o isolamento comercial como ferramenta de dissuasão.

O impacto para o Brasil pode ser ainda mais severo do que aparenta à primeira vista. O projeto prevê uma sobretaxa de no mínimo 500%, que poderá se somar à tarifa de 50% já prevista para produtos brasileiros importados pelos EUA, com implementação programada para 6 de agosto. Na prática, isso pode elevar o total de tarifas para até 550%.

A tramitação do projeto ocorre com apoio tanto de republicanos quanto de democratas. Atualmente, já conta com pelo menos 82 senadores como coautores da proposta, de um total de 100 parlamentares. A relatoria está nas mãos do senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, conhecido por seu posicionamento firme em temas ligados à segurança internacional.

Se a proposta for aprovada, o presidente norte-americano terá até 15 dias para assiná-la, seguido de um prazo de 90 dias para a entrada em vigor das novas tarifas. O Brasil, ao manter sua aliança comercial com a Rússia em meio a uma guerra condenada por diversas potências ocidentais, corre sério risco de pagar caro por sua postura ambígua no cenário internacional.

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