Operação Linha Vermelha expõe a influência de líderes do PCC fora dos presídios e revela conexão com setores empresariais
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Dois empresários foram presos nesta sexta-feira (29) em Campinas (SP), acusados de financiar um plano para assassinar o promotor de Justiça Amauri Silveira Filho, do Gaeco. A ação foi conduzida em conjunto pelo Ministério Público e pelo Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep).
As detenções ocorreram no âmbito da Operação Linha Vermelha, que desde o ano passado apura movimentações de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e atividades ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com informações obtidas pelo MP, os empresários presos forneciam veículos, recursos financeiros e suporte logístico a um núcleo ligado a Sérgio Luís de Freitas, o “Mijão”, considerado um dos operadores estratégicos da facção.
O plano contra o promotor
As autoridades descobriram que a emboscada contra Amauri Silveira Filho já estava em fase de preparação, o que levou a Justiça a decretar a prisão temporária dos empresários. O pedido foi acolhido pelo juiz Caio Ventosa Chaves, da 4ª Vara Criminal de Campinas.
Fontes ligadas às investigações afirmam que os dois detidos tinham negócios regulares no setor de transporte e comércio de veículos, o que permitia ocultar o repasse de dinheiro ao grupo criminoso.
Um promotor do Gaeco ouvido sob condição de anonimato classificou a ofensiva como uma medida emergencial:
“As informações mostravam que havia risco concreto de execução. Não era apenas uma ideia em discussão, mas um plano em andamento. Interrompemos antes que fosse tarde.”
O papel de “Mijão”
Apontado como um dos principais líderes da Sintonia Final da Rua – célula do PCC responsável por atividades externas ao sistema prisional –, Mijão vive atualmente em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde mantém negócios de fachada, como restaurantes e casas de câmbio, utilizados para movimentar recursos do tráfico.
Embora nunca tenha passado pelo sistema prisional paulista, relatórios de inteligência descrevem seu histórico como peça-chave da logística da facção. Em diferentes investigações, seu nome foi associado a grandes remessas de drogas e à movimentação de fortunas.
Entre os episódios registrados, estão a Operação Gaiola (2014), quando a Polícia Federal apreendeu toneladas de entorpecentes, e a Operação Sharks, que identificou esquemas de lavagem de até R$ 1 bilhão.
Facção e conexões empresariais
Para os investigadores, o caso de Campinas reforça o alerta sobre a infiltração do PCC em setores da economia legal.
“Não se trata apenas de criminosos comuns. A facção busca empresários sem histórico criminal, capazes de dar aparência de legalidade às operações e ao financiamento de ações violentas”, destacou uma fonte do MP.
As buscas continuam para identificar outros financiadores e colaboradores que possam estar ligados ao núcleo de Mijão em território paulista.
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