
Especialistas destacam que microplásticos já foram encontrados no sangue humano e estão associados a riscos cardíacos, inflamações e desequilíbrios hormonais.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Após dez dias de intensas negociações, a quinta sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC-5.2), realizada no Palácio das Nações, terminou nesta sexta-feira (15) sem consenso sobre o texto de um tratado global para enfrentar a poluição plástica. O encontro reuniu mais de 2.600 participantes de 183 países, entre diplomatas, ministros e representantes da sociedade civil, mas não foi suficiente para alinhar propostas sobre limites de produção, uso de produtos químicos e mecanismos de financiamento.
O fracasso temporário da rodada, contudo, expõe uma questão de saúde pública crescente: a presença de micro e nanoplásticos no meio ambiente e no corpo humano. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essas partículas já foram detectadas em órgãos vitais, como coração, pulmões e até na placenta, levantando sérias preocupações sobre impactos a longo prazo.
“Embora não tenhamos conseguido o tratado que esperávamos, a poluição plástica continua em nossas águas, no solo, nos oceanos e em nossos corpos. Isso exige ação urgente”, afirmou Inger Andersen, diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Saúde em risco
Estudos recentes publicados na New England Journal of Medicine e na Environmental Science & Technology apontam que a exposição contínua aos microplásticos pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, provocar inflamações crônicas, desequilíbrios hormonais e comprometer o sistema imunológico.
Um estudo de 2024 realizado por pesquisadores da Universidade de Viena identificou partículas plásticas no sangue de 80% dos voluntários analisados. Outro, publicado no New England Journal of Medicine em março de 2024, associou a presença dessas partículas nas artérias a maior risco de ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
“Estamos lidando com um problema silencioso, mas devastador. O plástico está em nossa alimentação, na água que bebemos e no ar que respiramos. Adiar um tratado global significa adiar a proteção da saúde de milhões de pessoas”, alertou Jyoti Mathur-Filipp, secretária-executiva do INC.
Próximos passos
Apesar do impasse, o Comitê manifestou interesse em retomar as negociações em data ainda a ser definida. Para o presidente do INC, embaixador Luis Vayas Valdivieso, o fracasso momentâneo deve servir de estímulo. “Ainda não conseguimos em Genebra, mas chegará o dia em que a comunidade internacional dará as mãos para proteger o meio ambiente e a saúde do nosso povo”, declarou.
Enquanto a comunidade internacional busca consenso, especialistas reforçam medidas individuais para reduzir a exposição, como evitar o consumo excessivo de plásticos descartáveis, preferir água filtrada em vez de engarrafada e reduzir o aquecimento de alimentos em recipientes plásticos.
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