Polícia Federal desmonta rede de tráfico internacional de drogas em operação no Aeroporto de Guarulhos

Operação Mula D’Ouro II prende advogado e revela esquema de envio de drogas ingeridas para a Europa. 

Por Ana Raquel|GNEWSUSA 

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (20/8), a Operação Mula D’Ouro II, que resultou na prisão de um advogado e outros integrantes de uma quadrilha especializada em tráfico internacional de drogas. A ação ocorreu em São Paulo, Mauá, Ferraz de Vasconcelos e Campinas, onde foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, 11 de prisão temporária e 1 de prisão preventiva. O grupo utilizava o Aeroporto de Guarulhos para enviar drogas à Europa por meio de passageiros que ingeriam cápsulas recheadas de entorpecentes, em um esquema que colocava em risco a vida dos envolvidos.

O delegado responsável pela operação, que preferiu não se identificar, explicou que a ação representa um dos golpes mais significativos contra o tráfico humano e de drogas na região. “A desumanidade do crime organizado é evidente quando eles transformam pessoas vulneráveis em transportadores, com risco iminente de morte,” afirmou ele.

Entre os presos está um advogado acusado de repassar informações sigilosas aos líderes do grupo criminoso, auxiliando na intimidação de passageiros presos em flagrante para que não colaborassem com as autoridades.

As investigações tiveram início em 2024, após diversas prisões no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Passageiros foram flagrados transportando drogas em cápsulas ingeridas, prática extremamente perigosa que já havia causado casos de risco de morte durante os voos. O aprofundamento da apuração permitiu identificar os líderes da quadrilha, responsáveis pelo aliciamento de dezenas de pessoas que aceitavam servir como “mulas humanas” em troca de dinheiro.

Especialistas em segurança e saúde alertam que a ruptura de uma única cápsula no sistema digestivo pode causar uma overdose fatal em minutos, além do risco de hemorragia interna. A prática coloca em perigo não apenas o transportador, mas também a tripulação e os demais passageiros de um voo, caso haja uma emergência médica em pleno ar.

De acordo com a PF, muitos passageiros flagrados eram pessoas em situação financeira vulnerável, recrutadas com promessas de pagamento rápido e fácil. Algumas chegaram a ingerir mais de 80 cápsulas em uma única viagem, colocando a própria vida em risco.

A Operação Mula D’Ouro II é um desdobramento direto das prisões realizadas no ano passado. Através da análise de mensagens, movimentações financeiras e cooperação internacional, a PF conseguiu mapear a atuação dos principais líderes do esquema.

O envolvimento do advogado preso foi considerado fundamental para a manutenção da organização criminosa, já que ele fornecia informações internas e atuava para coagir testemunhas e presos em flagrante.

A Polícia Federal informou que os presos responderão por tráfico internacional de drogas, organização criminosa e coação no curso do processo. As autoridades ressaltaram que a investigação segue em andamento para mapear os vínculos da quadrilha com receptadores europeus e a rota financeira utilizada pelo grupo.

A PF destacou que o esquema de tráfico era sofisticado e tinha como principais destinos aeroportos na Espanha e em Portugal, que servem como portas de entrada para o restante da Europa. A prisão dos líderes do grupo é considerada um passo crucial para enfraquecer essa rota, mas as autoridades brasileiras seguem em contato com agências de segurança europeias para desarticular completamente as redes de recepção dos entorpecentes.

A PF destacou que a operação representa um golpe significativo contra o tráfico internacional que utiliza o Brasil como corredor para a Europa, mas não descarta novas fases para capturar outros integrantes e ampliar a investigação sobre a lavagem de dinheiro ligada ao esquema.

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