Na gravação, David aparece frágil e fala com voz fraca. “Hoje é 27 de julho, às 12h, não sei o que vou comer”, diz. “Não como há vários dias seguidos.” “Estou em uma situação muito, muito difícil, por muito tempo, por alguns meses”, diz ele.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
O grupo Hamas divulgou neste sábado (2) um vídeo impactante em que o refém israelense Evyatar David aparece cavando o que teme ser sua própria sepultura, em um túnel na Faixa de Gaza. A gravação, autorizada para divulgação pela família de David, mostra o homem visivelmente debilitado, com fala fraca e aparência frágil.
“Hoje é 27 de julho, às 12h. Não sei o que vou comer. Não como há vários dias seguidos”, diz ele em um trecho do vídeo. Em outro momento, relata viver há meses em condições extremas, com escassez de comida e água. “Isso não é ficção, isso é real”, afirma.
David mostra um calendário onde marca os poucos dias em que recebeu alimento, mencionando que sua dieta tem se resumido a lentilhas e feijão. Ele também aparece recebendo uma lata de comida e diz que aquele conteúdo é para dois dias. “Toda esta lata é para dois dias, para que eu não morra.”
O vídeo também inclui um apelo direto ao primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. “Fui completamente abandonado por você, meu primeiro-ministro, que deveria se preocupar comigo e com todos os prisioneiros”, afirma David, utilizando o termo “prisioneiros”, como o Hamas classifica os reféns.
No final da gravação, David aparece cavando uma cova. “Esta é a cova em que acho que serei enterrado. Me sinto cada vez mais fraco, caminhando em direção à morte.”
Em resposta à situação dos reféns, o chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, tenente-general Eyal Zamir, afirmou que, se não houver libertação dos sequestrados, o combate continuará sem trégua. “Nos próximos dias saberemos se será possível alcançar um acordo para a libertação dos nossos reféns”, disse, durante visita à Faixa de Gaza.
Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 — que deixou 1.219 mortos em Israel, a maioria civis — 251 pessoas foram sequestradas. Até agora, 49 permanecem em cativeiro, sendo 27 já declaradas mortas pelo Exército israelense.
Ainda neste sábado, Steve Witkoff, enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, encontrou-se em Tel Aviv com familiares dos reféns. Na chamada Praça dos Reféns, ele foi recebido com gritos de “Tragam-nos para casa agora” e conversou com os parentes dos sequestrados em um prédio próximo.
O local se tornou símbolo da mobilização popular em Israel pela libertação dos reféns e pelo fim da guerra.
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