Bactéria que se espalha por sistemas de água atinge dezenas de pessoas no Harlem; autoridades reforçam importância da manutenção preventiva e diagnóstico precoce.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Um novo surto da chamada doença dos legionários está mobilizando as autoridades de saúde em Nova York, após 58 casos confirmados e duas mortes relacionadas à infecção. A maioria das ocorrências foi registrada em comunidades do Harlem, onde a presença da bactéria Legionella pneumophila foi detectada em 11 torres de resfriamento.
A Organização de Saúde e Higiene Mental da cidade de Nova York confirmou que os equipamentos contaminados passaram por descontaminação e seguem sob monitoramento. O surto, iniciado no fim de julho, reacende o alerta para os riscos que essa infecção respiratória representa, especialmente durante o verão do Hemisfério Norte — época em que a temperatura favorece a proliferação da bactéria nos sistemas de água.
O que é a doença dos legionários?
Conhecida também como legionelose, trata-se de uma forma agressiva de pneumonia causada pela inalação de gotículas de água contaminada com bactérias do gênero Legionella, principalmente a espécie L. pneumophila. Essas bactérias prosperam em ambientes quentes e úmidos, como chuveiros, banheiras de hidromassagem, torres de resfriamento, fontes decorativas e sistemas de ar-condicionado — estruturas comuns em grandes centros urbanos.
Ao contrário da pneumonia tradicional, a doença dos legionários não é transmissível entre pessoas. O contágio ocorre exclusivamente pela exposição ao vapor ou névoa de água infectada.
Sintomas e riscos
A doença pode surgir entre dois e 14 dias após a exposição e geralmente se inicia com sintomas gripais intensos: febre alta, calafrios, dores musculares e dor de cabeça. Com a evolução do quadro, surgem sintomas mais sérios como tosse com sangue, falta de ar, dor no peito, náuseas, vômitos, diarreia e até confusão mental.
Se não for tratada rapidamente, a infecção pode levar a complicações graves, incluindo insuficiência respiratória, falência renal e choque séptico, especialmente entre pessoas com sistema imunológico enfraquecido.
Os grupos mais vulneráveis incluem:
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Pessoas acima dos 50 anos;
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Fumantes ou ex-fumantes;
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Indivíduos com doenças pulmonares crônicas, câncer, diabetes ou HIV;
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Pacientes transplantados ou em tratamento imunossupressor.
Diagnóstico e tratamento
Segundo especialistas do Hospital Albert Einstein, o diagnóstico é feito por exames de urina e análise de escarro. Quando detectada precocemente, a infecção é tratável com antibióticos, geralmente com boa resposta clínica.
A comissária interina de Saúde de Nova York, Michelle Morse, reforçou em comunicado oficial a necessidade de que pessoas com fatores de risco procurem atendimento médico ao menor sinal de sintomas respiratórios incomuns.
Prevenção é a chave
Apesar de seu nome ainda ser pouco conhecido pelo público, a doença dos legionários é considerada evitável e controlável, desde que sejam cumpridos os protocolos de manutenção preventiva dos sistemas de água.
As recomendações incluem a limpeza periódica de torres de resfriamento, tanques de água quente, filtros de ar e fontes ornamentais, especialmente em locais de grande circulação ou edifícios antigos, onde as bactérias encontram ambiente ideal para se multiplicar.
O surto atual mostra que, mesmo em países com infraestrutura avançada como os Estados Unidos, falhas na manutenção de sistemas hidráulicos podem representar riscos sérios à saúde pública — algo que exige vigilância constante, tanto do poder público quanto da iniciativa privada.
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