Os ataques de 2001, que tiraram quase 3 mil vidas, mudaram a lógica da segurança internacional e seguem influenciando a geopolítica global e mostra o poder de recuperação dos Estados Unidos
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
11 de setembro de 2001: o mundo assistia, estarrecido, ao momento mais dramático da história dos Estados Unidos. Naquele dia, quatro aviões comerciais foram sequestrados por integrantes da Al-Qaeda, liderada por Osama bin Laden. Dois deles atingiram as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York; um colidiu contra o Pentágono, em Washington; e o último caiu em um campo na Pensilvânia, quando passageiros reagiram e impediram novos ataques.
As imagens da tragédia correram o mundo em tempo real. Milhões de pessoas assistiram, ao vivo, a cena de dois arranha-céus em chamas e, minutos depois, o desabamento das estruturas que simbolizavam o poder econômico americano. No total, 2.996 pessoas morreram, incluindo civis, tripulantes, policiais e bombeiros que tentavam salvar vidas.
Cronologia do dia que parou o planeta
• 8h46 (horário local) – O voo 11 da American Airlines atinge a torre norte do World Trade Center.
• 9h03 – O voo 175 da United Airlines se choca contra a torre sul. Fica claro que não era acidente.
• 9h37 – O voo 77 da American Airlines colide contra o Pentágono, sede do Departamento de Defesa.
• 9h59 – A torre sul do WTC desmorona em cerca de 10 segundos.
• 10h03 – O voo 93 da United Airlines cai em Shanksville (Pensilvânia), após reação dos passageiros.
• 10h28 – A torre norte também vem abaixo. Do primeiro impacto ao último colapso, se passaram 102 minutos.
O impacto humano
Só em Nova York, 2.753 pessoas perderam a vida. Entre elas estavam 343 bombeiros, 23 policiais municipais e 37 agentes da Autoridade Portuária, que se tornaram símbolos de coragem. No Pentágono, 184 pessoas morreram. No voo 93, foram 40 vítimas.
Mais de 25 mil pessoas ficaram feridas, muitas com sequelas permanentes. Além disso, milhares desenvolveram doenças respiratórias e câncer devido à exposição à nuvem tóxica que cobriu Manhattan após o desabamento das torres. Até hoje, há vítimas sendo reconhecidas oficialmente.
As consequências imediatas
Menos de um mês após os atentados, os EUA deram início à “Guerra ao Terror”, invadindo o Afeganistão em busca da Al-Qaeda. Em 2003, o governo americano avançou sobre o Iraque, alegando a existência de armas de destruição em massa que nunca foram encontradas.
Internamente, a vida dos americanos mudou radicalmente:
• Aprovação do Patriot Act, que ampliou poderes de vigilância e monitoramento.
• Criação do Departamento de Segurança Interna, reunindo 22 agências para coordenar a defesa.
• Reforço na segurança aérea: inspeções rigorosas, restrições de líquidos, detectores corporais e protocolos internacionais.
Essas medidas inspiraram legislações semelhantes em outros países, inclusive no Brasil, que em 2016 aprovou a Lei Antiterrorismo, especialmente em razão da realização das Olimpíadas no Rio.
O custo da tragédia
Os impactos econômicos foram gigantescos:
• US$ 123 bilhões em prejuízos diretos na economia.
• US$ 60 bilhões em danos estruturais ao WTC e arredores.
• US$ 40 bilhões liberados pelo Congresso americano em pacotes emergenciais.
• US$ 15 bilhões para resgatar companhias aéreas.
• US$ 9,3 bilhões pagos em indenizações por seguradoras.
• A limpeza do Marco Zero exigiu 3,1 milhões de horas de trabalho, remoção de 1,8 milhão de toneladas de entulho e custou US$ 750 milhões.
A guerra sem fim
Foram necessários dez anos até que Osama bin Laden fosse encontrado e morto no Paquistão, em 2011. Mas a ofensiva militar dos EUA não eliminou o terrorismo. Pelo contrário: novos grupos, como o Estado Islâmico, ganharam espaço em conflitos no Oriente Médio.
A volta do Talibã ao poder no Afeganistão, em 2021, evidenciou o desgaste de duas décadas de guerra. Para especialistas, como a cientista política Ariane Roder (UFRJ), a experiência mostrou que “a força militar sozinha não é suficiente para conter movimentos enraizados em resistências culturais e religiosas”.
Mudanças no mundo e na vida cotidiana
O 11 de Setembro deixou marcas profundas:
• A sensação de vulnerabilidade atingiu os EUA pela primeira vez desde Pearl Harbor.
• O conceito de guerra mudou, passando a considerar inimigos transnacionais, descentralizados e sem exércitos regulares.
• A vigilância digital avançou, incluindo biometria, rastreamento urbano e coleta massiva de dados.
• A imigração se tornou mais restrita, com fronteiras mais fechadas e aumento da xenofobia contra muçulmanos e árabes.
• Ao mesmo tempo, movimentos de extrema direita e supremacia branca ganharam força, alimentados por discursos de ódio.
Linha do tempo pós-atentados
• 2001 – Al-Qaeda assume a autoria; 11 de setembro vira “Dia do Patriota”.
• 2002 – Criado o sistema de alerta de segurança nacional.
• 2003 – Invasão do Iraque.
• 2007 – Primeiras mortes reconhecidas por exposição à poeira tóxica.
• 2011 – Obama sanciona a Lei Zadroga e anuncia a morte de Osama bin Laden.
• 2014 – Restos mortais não identificados são levados ao Memorial do 11 de Setembro.
• 2016 – Brasil aprova a Lei Antiterrorismo.
• 2019 – Novas vítimas são identificadas por DNA.
• 2025 – Mais de 1.100 pessoas continuam sem identificação.
24 anos depois
Hoje, no lugar onde ficavam as Torres Gêmeas, funciona o Memorial e Museu do 11 de Setembro, dedicado às vítimas e ao registro da memória coletiva. Mais do que uma lembrança da tragédia, é um espaço que simboliza resiliência, solidariedade e o impacto global daquele dia.
Como resume o professor Jorge Lasmar (PUC Minas):
“O 11 de Setembro mudou a forma como o mundo entende segurança, poder e vulnerabilidade. Mesmo décadas depois, seguimos vivendo sob os efeitos daquela manhã que redefiniu a história.”
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