Após protesto em Lisboa, Europa encara dilema sobre imigração e identidade

Manifestação diante do Parlamento português reacendeu o debate sobre regularização de imigrantes e os desafios demográficos do continente
Por Chico Gomes | GNEWSUSA

O protesto que tomou as escadarias da Assembleia da República, deixou mais do que faixas e palavras de ordem. Ele escancarou uma ferida que não é só portuguesa, mas europeia: o dilema entre abrir portas para milhares de imigrantes em situação irregular ou proteger a identidade cultural que moldou o continente.

Centenas de estrangeiros se reuniram diante do Parlamento para exigir “documentos para todos”, em um ato organizado pela Associação Solidariedade Imigrante (Solim). A cena foi simbólica — e tensa. O líder do partido Chega, André Ventura, chegou a ser hostilizado com gritos de “racista” e “fascista” e respondeu de forma contundente: “Este não é um país de burcas”.

O episódio resumiu, em minutos, um conflito que vem crescendo: de um lado, organizações e partidos de esquerda defendendo inclusão e naturalização em massa; do outro, vozes que alertam para o risco de uma imigração “descontrolada” capaz de alterar o tecido cultural europeu.

A discussão vai além de Portugal. França, Alemanha, Itália e Reino Unido lidam com pressões semelhantes, enquanto o perfil demográfico se transforma rapidamente. Em um continente onde a taxa de fertilidade média está muito abaixo do ideal — 2,11 filhos por mulher —, a natalidade das comunidades islâmicas segue em alta. Só na França, a média é de 8,1 filhos por mulher muçulmana, e em algumas cidades, quase metade da população abaixo de 20 anos já segue o islamismo.

A pergunta que fica, após o protesto, é se a Europa está diante de um novo capítulo de integração e diversidade ou de um processo irreversível de mudança cultural sem consenso popular. A tensão nas ruas mostra que a resposta vai muito além das estatísticas: trata-se de soberania, identidade e futuro.

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